FRENTE A FRENTE pela primeira vez, Márcio, Kadu, Percival, Ricardo e Zanatta discutiram futudo da cidade
O Jornal Ibiá colocou frente a frente os cinco candidatos a prefeito de Montenegro, durante o 1º Debate Eleições 2020. Gustavo Zanatta, Kadu Müller, Márcio Menezes, Percival de Oliveira e Ricardo Kraemer dialogaram por duas horas sobre os mais diferentes temas, em tom amistoso e sereno.
A apresentação ficou a cargo da jornalista Maria Luiza Szulczewski, a Lica, diretora do Ibiá, e o evento contou com a participação de Caroline Kothe, representando a Unisc, e de João Pedro Ferreira, presidente da OAB. Os dois estavam encarregados de analisar eventuais pedidos de direito de resposta, mas não chegaram a ser acionados.
As regras do debate foram previamente discutidas e aprovadas pelos candidatos e pelos seus coordenadores de campanha e encaminhadas ao Cartório da 31ª Zona Eleitoral. As perguntas, elaboradas pela equipe do Ibiá e por entidades montenegrinas, foram sorteadas entre os participantes que, nesta primeira edição, não fizeram questionamentos entre si. Confira:
1º bloco: temas essenciais para a cidade

O primeiro bloco de perguntas foi aberto com o tema Geração de Empregos. Kadu Müller foi questionado sobre como, num contexto de desemprego e falta de qualificação, o Município deveria agir. Citou iniciativas de seu governo, como a aproximação com empresas e agenda de cursos de qualificação em 2019 e 2020 como exemplos de iniciativas na área. Na réplica, o candidato Gustavo Zanatta falou da importância da reativação do Conselho Municipal do Emprego e sugeriu a descentralização dos negócios, saindo do centro para os bairros. Kadu concordou que o conselho precisa ser reativado; e apontou que o comércio já está sendo descentralizado, especialmente na Grande Timbaúva.

No sorteio, Ricardo Kraemer foi questionado quanto a iniciativas para resolver o déficit de moradias para vulneráveis e lembrou da falta histórica de planejamento na área, desde a vinda de trabalhadores para o Polo Petroquímico. O candidato citou a urgência em regulamentar instrumentos do Plano Diretor que melhor organizem o município. Na réplica, Kadu Müller disse que, há mais de um ano, tramita projeto de lei de seu governo na Câmara para regulamentar os pontos estratégicos das zonas de expansão. Disse que os recursos para implantação de projetos habitacionais de cunho social estão restritos pelo governo federal e provocou o oponente quanto a uma forma possível de ser mais veloz neste sentido. Ricardo respondeu que, regulamentando zonas de interesse para aplicação da política urbana e também instrumentos, como as outorgas onerosas, o Município poderia criar fundos para subsidiar novos projetos habitacionais a preços populares.

No tema Saneamento Básico, Percival de Oliveira afirmou que o esgoto a céu aberto é um problema crônico não só da cidade, mas também no interior. Lembrou que, pouco antes de deixar a Prefeitura, assinou convênio com a Corsan pela instalação de uma rede de tratamento de esgoto no Município, o que não foi realizado. Ricardo Kraemer rebateu a colocação, contando que, na época, era membro da Coordenadoria de Participação do governo estadual e que não havia interesse do Município em refazer contrato com a Corsan para o serviço. Ricardo destacou que participou da mobilização comunitária em prol do projeto que, inclusive, veio com um prazo, já perdido, para instalação da Estação de Tratamento de Esgoto. Percival disse que o desinteresse foi da Corsan; e que o Município teve que ameaçar com privatização para que a estatal assinasse o convênio. Disse que vai cobrar a execução se assumir.

No tema Impostos e Taxas, o candidato Márcio Menezes deveria falar sobre descontos tributários para incentivar práticas sustentáveis. A resposta do candidato foi rebatendo a fala de abertura Percival, que disse que entregou a Prefeitura em 2012 com um orçamento de quase R$ 200 milhões, mas que, segundo Márcio, foi de R$ 122 milhões. Márcio apontou que, em 2020, a “carga tributária” está em R$ 281,7 milhões, número que evidencia o crescimento econômico e a falta da devolução dos tributos em melhorias para a sociedade. Percival respondeu que os números apresentados não condizem com a verdade e salientou que se referia a orçamento, não a arrecadação com tributos. Ele corrigiu sua colocação de abertura, no entanto, apontando que o orçamento não foi de 200, mas de “quase 180 milhões” em 2012. Na tréplica, Márcio garantiu que havia tirado os dados do Portal da Transparência.

Na área de Saúde, Gustavo Zanatta foi questionado sobre como atender a demanda reprimida de atendimentos e exames causada pela pandemia. O candidato disse que é preciso fortalecer o vínculo com o Hospital Montenegro, trazendo mais profissionais, como fisioterapeutas e nutricionistas, e cortando, assim, gastos com o transporte de pacientes para atendimento em outras cidades. Na réplica, Márcio Menezes concordou com o candidato, lembrando de emendas do seu partido ao orçamento da União destinadas à casa de saúde.

2º bloco: as entidades perguntam
O segundo bloco abriu espaço às perguntas enviadas por entidades locais, sorteadas no momento do debate. Sobre a necessidade de manutenção e conservação das estradas do interior, o candidato Ricardo Kraemer reconheceu que o produtor precisa de estrutura para produzir e vender; e que a linha de ação prioritária é ouvir o homem do campo, colocando um agente público de referência dentro das localidades. Na réplica, Percival de Oliveira concordou que sempre houve a mesma queixa em relação a dificuldades do escoamento da produção. Ricardo lembrou que, além das estradas, o suporte ao interior deve chegar através da internet, da rede trifásica e de apoio técnico.
Percival de Oliveira respondeu em seguida sobre políticas de incentivo ao Ensino Superior. O candidato lembrou das tratativas, em seu primeiro governo, para a instalação do campus da Unisc. Sem entrar em detalhes, comentou que havia previsto incentivos para a atuação da instituição no Município, mas estes teriam sido retirados pelo governo que o sucedeu. Na réplica, Márcio Menezes quis saber se o candidato traria outros estímulos ao Ensino Superior, juntamente dos demais pólos EaD instalados nos últimos anos. “Evidentemente, há condições de auxiliar a todas elas”, respondeu Percival.
Márcio Menezes respondeu sobre como incentivar o turismo em Montenegro. Apontou que, enquanto secretário de Indústria, Comércio e Turismo, entre 2013 e 2014, havia deixado pronto um projeto que previa rateio, pelas empresas privadas que exploram as antenas do Morro São João, no custeio da manutenção dos acessos ao local; mas que “não sabe o que aconteceu” com a troca de governo. O candidato destacou o potencial da orla do Rio Caí e do Parque Centenário, com a nova concessão do restaurante. Na réplica, Gustavo Zanatta apontou que todos comentam desses locais em suas andanças; e também do Baixio. Márcio voltou à sua época como secretário para dizer que revitalizou todo o Balneário Municipal em sua gestão.
Gustavo Zanatta foi questionado sobre que metodologia usaria para a revisão constante das oito leis do Plano Diretor. Dando a entender que não está familiarizado com o tema, respondeu que vai pedir o apoio de engenheiros e arquitetos para definir a forma de trabalho. Na réplica, Kadu voltou a falar do Projeto de Lei, parado há um ano, que trata do desenvolvimento do Município na área de urbanização e zonas de expansão. Disse que é preciso um desenvolvimento sustentável, não só horizontal, mas vertical. Na tréplica, Zanatta salientou a importância de ouvir os conselhos.
Já Kadu Müller recebeu uma pergunta sobre como será conduzido o projeto do Polo da Química em seu governo. Na posição de atual prefeito, citou as dez empresas que assinaram protocolo de intenções para instalação no Município no âmbito do projeto; e a recente lei de incentivo específica que prevê serviço de terraplanagem e benefícios fiscais para os empreendimentos interessados. Na réplica, Ricardo Kraemer lembrou que o desenvolvimento da cidade precisa da empresa grande, mas também da pequena e do informal; e frisou a importância de fiscalizar as contrapartidas à cessão dos incentivos. Kadu citou, na tréplica, a realização de rodadas de negócio que ligam pequenos comércios e prestadores de serviço locais a empresas de grande porte, em fase de instalação.
3º bloco: troca de ideias e provocações
O terceiro e último bloco de perguntas começou com o tema Parques e Praças e a pergunta voltada ao candidato Percival de Oliveira foi quanto às condições do Parque Centenário. O candidato disse que a condição de precariedade do local é inadmissível; e que, se eleito, a revitalização será imediata. Na réplica, Kadu Müller afirmou que não sabe quando começou o descaso com o Parque; mas garantiu que, no seu governo, trocou a rede elétrica e só não promoveu um embelezamento do local por causa da pandemia. Percival provocou, dizendo que a etapa, então, ficará para o seu governo. “Agora, já não há mais tempo para isso”, alfinetou.
Márcio Menezes foi convidado a responder sobre incentivo à cultura e disse que é preciso reestruturar a Diretoria de Cultura para que não só uma pessoa, mas todo um grupo atue na elaboração de projetos e captação de recursos que estão disponíveis, mas não são aproveitados. Ricardo Kraemer lembrou que é preciso abraçar a Uergs, que projeta a cidade para fora, e descentralizar a cultura e todas as suas manifestações. Márcio aproveitou a tréplica para alfinetar Kadu Müller, dizendo que, para shows artísticos no Centenário, ele ainda acha que é preciso trocar toda a fiação; ao contrário do apontado pelo oponente.
No âmbito da Educação e de recentes resultados negativos no Ideb, Gustavo Zanatta disse que vai retomar a revisão do Plano de Carreira do Magistério, que está engavetado. Apontou que professores devem poder fazer seus planejamentos com horário em casa e disse que é importante investir na captação de recursos através do Fundeb. Percival, na réplica, lembrou que abriu mais de 100 salas de aulas, dentre creches e de Ensino Fundamental; e que trabalhou bastante em cima do Fundo. Zanatta lembrou que é preciso focar em levar mais crianças para as escolas; apontando que o Fundeb traz cerca de R$ 5 mil por aluno matriculado no turno integral.
Na sequência, Kadu Müller respondeu sobre a demanda por pavimentação na cidade e disse que as necessidades, hoje, estão sendo atendidas. Citou o asfaltamento de ruas no centro, a Transcitrus no interior e o financiamento do Avançar Cidades que vai pavimentar diferentes vias. Na réplica, Márcio Menezes apontou a participação de Kadu como vice do governo Aldana e do engessamento da máquina pública desde então. Respondeu que foi deslocado do governo, não tendo parte nele, e destacou o trabalho de sua secretaria de Viação e Serviços Urbanos que, sem empresa terceirizada e com equipe reduzida, estaria fazendo um trabalho eficaz.
A última pergunta foi ao candidato Ricardo Kraemer, sobre como trabalhar a Assistência Social para além do assistencialismo. O candidato respondeu ser esse um dos principais pontos de seu projeto de governo, apontando que Montenegro é uma cidade rica, mas muito desigual. Para Ricardo, o caminho é estruturar o setor, especialmente o CRAS, com profissionais que, além da doação, encaminhem a pessoa em situação de vulnerabilidade para tirá-la da situação. Gustavo Zanatta destacou que não é só dar cesta básica, “mas dar dignidade”; e exemplificou com a ideia da criação de uma cooperativa de fabricação de fraldas que empregue e doe o produto final às famílias carentes. Ricardo complementou, dizendo que o Município também tem condições de buscar mais apoio para a área junto aos governos estadual e federal.