O preconceito do brasileiro em números

Sim, o brasileiro é preconceituoso. Mas dificilmente reconhece isso. Como é possível perceber essa – triste – característica? Olhe em volta. Ouça os comentários ditos pelos seus amigos ou familiares, no corredor da escola, no ponto de ônibus ou na fila do supermercado. Atente ao que você mesmo diz por aí, muitas vezes sem perceber. Diversas frases de fundo preconceituoso são repetidas em tom de brincadeira.

Você já parou para pensar em quantas frases preconceituosas diz e escuta por dia? Algumas podem até parecer piadas bobas ou inofensivas. Mas não são. E essa percepção apenas confirma o quanto o preconceito está arraigado à cultura brasileira. Se perpetua estereótipos negativos na sociedade e fere alguém, não é aceitável nem deveria ser motivo de risos. Uma pesquisa realizada pela marca de cerveja Skol com mais de duas mil pessoas colocou em números o preconceito ainda muito presente no discurso dos brasileiros. Os dados da “Skol diálogos – o preconceito no Brasil” colocam em evidência esse problema nacional. Os mais frequentes comentários de cunho preconceituoso vistos no cotidiano nacional são: machismo (99%), racial (97%), LGBT (97%) e estético (92%).

De acordo com o levantamento, 45% dos brasileiros convivem com comentários preconceituosos. Porém, chama ainda mais a atenção que a metade desses nunca reagiu diante da situação. Entre as frases mais ouvidas estão a “mulher tem que se dar o respeito” citada por 92% das pessoas e “isso é coisa de viado/viadagem” lembrada por 88%.

Esse levantamento traz uma importante reflexão. Se cerca de 90% dos participantes dizem ter ouvido frases preconceituosas, mas somente 17% declara ser preconceituoso, é porque os atos são praticados por muitos sem a devida percepção.

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Crédito: Reprodução Facebook

“Penso que ainda temos muito o que avançar quando se trata de igualdade e direitos humanos, políticas públicas de inclusão precisam ganhar espaço no orçamento do poder público. Somos vítimas de uma cultura patriarcal que propaga o machismo, a homofobia e o racismo de maneira velada em brincadeiras, piadas e frases que fazem um desserviço na luta por igualdade criando uma normalização do preconceito”.
Ezequiel Souza

 

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Crédito: Arquivo pessoal

“O preconceito é uma herança da humanidade e, provavelmente, ainda levaremos milênios para conseguir eliminar totalmente este sentimento das mentes e corações. O combate é uma luta constante, que precisamos travar a cada contato, a cada nova amizade, a cada conversa, a cada decisão. Muita gente sofre por não aceitar o próprio corpo e só acaba causando sofrimento a si mesmo. Sejamos felizes assim, pois todos somos perfeitos, de formas diferentes. Não importa se você não é o que a indústria ou mídia querem, você estará ainda mais linda e feliz se aceitar a si como é: negra ou branca, gorda ou magra, “gostosa” ou não, de cabelo loiro ou preto, liso ou crespo. Seja o que você quiser!”
Aline Timm

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