Montenegrinas avaliam o varejo feminino

Que as mulheres gostam de comprar não é segredo para ninguém. Que roupas e calçados estão entre as peças favoritas delas também não. Por isso, o público feminino é bastante desejado pelo comércio desses segmentos. Fidelizar uma nova cliente é sempre o objetivo de qualquer lojista. Como se faz isso? Entendendo o que a mulher quer ao entrar numa loja, o que ela valoriza mais e como avalia os comércios aos quais frequenta.

Pensando em como informações específicas poderiam tornar o nosso comércio mais efetivo, o Núcleo de Mulheres Empreendedoras da Associação Comercial, Industrial e de Serviços (ACI) de Montenegro e Pareci Novo contatou os profissionais do campus montenegrino da universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC) e contou com o auxílio de professores e alunos do curso de Administração. Nascia a pesquisa “Avaliação de Satisfação das Consumidoras do Varejo Feminino de Montenegro”, vinculado ao Observatório de Mercado – Projeto Belvedere.

A avaliação foi desenvolvida de 14 de setembro a 21 de setembro desse ano, através de formulários aplicados pessoalmente. Responderam as questões 285 mulheres. Todas consumidoras do varejo local, que tinham comprado algum produto (entre roupas e calçados) nos últimos três meses. Metade das mulheres tem de 18 até 29 anos e o restante está acima dos 30 anos. As entrevistadas cursando nível superior ou já graduadas somam 50% e 99% são solteiras. As mulheres eram convidadas a responder o questionário pensando em uma das lojas a qual frequenta, sem que a pesquisa identifique o estabelecimento.

A pesquisa foi realizada na metodologia Top Two Box, na qual os percentuais de resultado de cada questão são considerados apenas para os itens 4 e 5 (melhores) somados. Em geral, os números apresentados demonstram satisfação com os empreendimentos locais. Sobre a qualidade dos serviços em geral, por exemplo, o levantamento apontou 87% das freguesas como “muito satisfeitas”. Com relação a prestatividade, o 76% das clientes responderam estar “muito melhor que o esperado”. Já em relação ao preço, apenas 27% das compradoras montenegrinas afirmaram considerar os valores cobrados “muito caros”. E, considerando os preços praticados, mas, também os benefícios, essa porcentagem cai para 19%. Quanto à chance de trocar de loja, por atendimento ou preço, o índice “com certeza não trocaria” alcança no máximo 25%. A satisfação global com a loja em geral como “muito satisfeito” atinge 85%.

Apesar dos bons resultados, o coordenador da pesquisa em Montenegro, professor da Unisc e Mestre Nicolas Furlan salienta a necessidade analisar criticamente cada dado. “Temos de ser críticos. Podemos ter alcançado um percentual alto de “muito satisfeito” ou de “fidelidade”. Mas há um restante, que ficou nas categorias abaixo. O percentual pode parecer pequeno, mas existe. Existem pessoas insatisfeitas. E coisas a melhorar”, diz Furlan. Se realizada novamente, a pesquisa poderá então ter base para comparação e verificação de como varejo montenegrino evolui.

A importância dos dados para o comércio local
Mestra e coordenadora do curso de Administração, Ione Sardão conta que recebeu a solicitação do Núcleo de Mulheres Empreendedoras como um grande desafio. A universidade já havia desenvolvido trabalhos semelhantes em Santa Cruz do Sul, Venâncio Aires e Rio Pardo, mas não há conhecimento de dados semelhantes já terem sido levantados em Montenegro.

“Nunca ocorreu pesquisa mercadológica em Montenegro e região do Vale do Caí com essa força, que nós tenhamos conhecimento. A partir da divulgação dos números podem ser feitas ações estratégicas. Medidas para desenvolver e melhorar aspectos”, diz Ione, que cita como a Universidade pode oferecer a orientação técnica que faz falta em determinados momentos às empresas. “Existem condições de fazer um trabalho especializado e a Universidade pode ser cada vez mais participativa. A empresa pode conhecer melhor o produto que está vendendo, como apresentá-lo ao cliente, se tem uma iluminação adequada. Veja quantos mercados temos próximo de Montenegro. Porto Alegre, Canoas, Novo Hamburgo, por exemplo, são locais que vendem os mesmos produtos. Como garantir que as montengrinas se fidelizem aqui?Esse trabalho pode ser muito maior. E gerar benefícios às empresas da região, e fomentar um desenvolvimento melhor”, complementa ela.

O trabalho foi desenvolvido por 28 alunos do professor Nicolas Furlan, na disciplina de “Pesquisa Mercadológica”, em uma integração com o conteúdo de aula que aproximou teoria e prática. Após a coleta dos dados foi realizada a tabulação e uma discussão dos mesmos. “Eles conhecem esse mercado melhor do que eu, por exemplo, que não sou daqui. Fizemos então esse fechamento que levou um pouco mais de um mês para tabular os dados”, comenta Furlan.

Os educadores apostam não apenas na continuidade dessa pesquisa como no surgimento de outras. Elas poderiam ser feitas pelas mais diferentes áreas da universidade, mas, considerando apenas o curso de Administração – que hoje tem mais de 170 alunos – já são muitas as possibilidades. “Nós fizemos uma pesquisa bastante localizada. Varejo feminino de roupas e calçados. Temos muitas áreas que poderiam ser beneficiadas com pesquisas. A Universidade está aberta para as solicitações dos diversos setores da economia”, diz Ione Sardão.

Veja alguns dos pontos avaliados no levantamento
Intenção de recompra – 89% com certeza voltaria a comprar
Asseio – 77% muito melhor que o esperado
Agilidade – 75% muito melhor que o esperado
Chance de mudar de loja motivo preço – 25% com certeza não trocaria
Horário da loja atende às necessidades – 84 % concordo totalmente
Satisfação global – 85% muito satisfeito
Atendimento em geral – 75% muito melhor que o esperado
Preço considerando benefícios – 19% muito caro
Chance de mudar de loja motivo atendimento – 24% com certeza não trocaria
Envolvimento com a loja – 87% muito satisfeito

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