Município recebeu dois lotes apontados como “vencidos” pelo governo do Estado
A Secretaria da Saúde de Montenegro nega ter aplicado doses vencidas de vacinas contra a Covid-19, apesar de ter recebido dois lotes de imunizantes considerados fora do prazo pelo governo do Rio Grande do Sul. Segundo o Estado, de três lotes do imunizante Astrazeneca distribuídos no início do ano, 0,27% pode estar fora do prazo, entretanto, em muitos casos houve apenas falha no registro, como é o caso de Montenegro.
Após realizar, no final de semana, uma rigorosa conferência em três lotes da vacina Astrazeneca que teriam sido administrados após o vencimento no Rio Grande do Sul, a Secretaria Estadual da Saúde (SES) produziu um relatório informando 877 registros de vacinas aplicadas após a data de validade, o que representa 0,27% do total de vacinas distribuídas nos três lotes (313.630 doses). O documento, que traz o nome de todos os vacinados, para facilitar a busca, foi encaminhado ainda na segunda-feira, 5, às 18 Coordenadorias Regionais de Saúde (CRS), que repassaram os dados aos 75 municípios onde houve localização dos registros.
Dos três lotes com esse possível vencimento, Montenegro recebeu dois: 4120Z005 (840 doses), no qual as vacinas chegaram em 25 de janeiro e foram imediatamente aplicadas (com data de vencimento em 22 de junho) e 4120Z026 (630 doses), no qual as vacinas chegaram em 26 de fevereiro e também foram imediatamente aplicadas (a data de validade era 14 de abril). “Sempre que chegam vacinas à cidade, as informações referentes aos lotes e vencimentos são averiguadas, nunca havendo estoque de imunizantes com data de validade anterior às novas doses recebidas”, afirma a secretária da Saúde, Cristina Reinheimer.
Segundo a SMS, no começo da vacinação, a transferência de dados demorava a chegar no Ministério da Saúde, levando até dois meses, o que pode ter causado esta confusão. Desse modo, nenhum montenegrino teria recebido imunizante vencido. “Em muitos casos, o município nem precisará fazer contato com o vacinado, porque claramente é uma falha no registro. Identificamos, por exemplo, o número do lote duplicado na primeira e segunda doses. Estamos orientando os municípios a retificarem no sistema quando observarem equívocos de registro”, explica a chefe da Divisão de Epidemiologia do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), Tani Ranieri.
O Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra Covid-19 define que cada indivíduo vacinado seja identificado com o lote da imunização recebida, o produtor da vacina e a dose aplicada. Isso é feito justamente para acompanhamento do Ministério da Saúde e eventual identificação de erros vacinais.
Se na verificação se observar algum caso em que a vacina foi aplicada fora do prazo de validade, a orientação do Ministério da Saúde é que o vacinado receba nova dose, no prazo mínimo de 30 dias após a aplicação da dose vencida. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), receber uma vacina vencida pode diminuir o efeito protetor, mas o fato não acarreta em risco de evento adverso.