Permanência. Pacientes ficam no mínimo 15 dias na UTI, segundo equipe do hospital
Apesar de estar com o dobro de leitos na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), do que no início da pandemia, – 20 ao todo – o Hospital Montenegro 100% SUS segue com a sua ocupação acima dos 90%. Nessa terça-feira, 18, ela estava em 95% de ocupação. Um dos fatores associados a constância de ocupação, de acordo com a equipe do HM, é o tempo de permanência de pacientes diagnosticados com Covid-19 em UTI e Unidade de Internação.
Há um mês foram oficialmente habilitados quatro novos leitos de UTI específicos para pacientes Covid, que somados aos seis do ano passado totalizaram 10 vagas. Além disso, o hospital já contava com 10 leitos de UTI clínicos, acumulando 20 leitos na Unidade.
Segundo a enfermeira coordenadora substituta da UTI, Zulmara Fruet, dos dez leitos de UTI Covid disponíveis todos estão ocupados, e ainda há três pacientes intubados na emergência esperando por uma vaga. “Eu tenho um paciente que está há um mês e 14 dias internado; tem outro há um mês e 10 dias, e têm outros há 15 dias. Esses leitos estão todos trancados, se chega paciente na emergência não tem como tirar eles, e mesmo que eles saiam do isolamento, muitas vezes os leitos clínicos estão cheios e não tem como levar eles para lá. Acaba que os pacientes chegam na emergência e precisam ficar lá, ou até ser transferido para outros hospitais, que está sendo também difícil, todos estão cheios”, declara.
Após o tempo de internação na UTI, os pacientes Covid ainda precisam ficar mais tempo na Unidade de Internação para recuperação. “Se os pacientes ficam muitos dias, não tem rotatividade”, explica Zulmara.
Além disso, o responsável pelo controle de infecção no Hospital Montenegro, enfermeiro Diogo Bonini, também relata que há outros fatores que influenciam para a alta na ocupação. “Essas variantes (da Covid) são muito agressivas, e quem já teve pode adquirir, quem já foi vacinado pode também, a vacina nunca vai prevenir 100%, são todas questões que a gente tem que ter um cuidado especial. […] Nós estamos também entrando em um período sazonal, que é de praxe que as instituições de saúde tenham pacientes com outros comprometimentos respiratórios. Então são vários agravantes que podem sobrecarregar toda a estrutura”, fala.
Uma das grandes preocupações dos profissionais de saúde é com uma possível terceira onda da pandemia e as suas consequências. “A UTI hoje está lotada ou superlotada; se continuarem a chegar pacientes graves a gente vai começar a perder a capacidade de recursos humanos, de um tratamento adequado, e daqui a pouco vai faltar medicação, ou seja, o Brasil não está preparado, nunca esteve”, completa Diogo.
População deve se conscientizar
Para evitar que ocorra um colapso no sistema de saúde os profissionais recomendam que a população se conscientize, e continue seguindo os protocolos de prevenção a Covid-19. “É bem complicado pra gente que está aqui no dia a dia vendo a luta da equipe, e também dos familiares que estão aguardando o leito do paciente que está mal”, desabafa a enfermeira. Uso da máscara, álcool em gel, lavagem de mão e evitar aglomerações são as orientações básicas e imprescindíveis neste momento.