Acompanhamento da ocupação hospitalar do Estado contabiliza leitos que já não existem no HM

O portal covid.saude.rs, do Governo do Estado, mostra a evolução das internações nos hospitais gaúchos, por Covid-19 ou não. Quem acessa o site, utilizado como um dos parâmetros da evolução da pandemia, encontra o Hospital Montenegro com vinte leitos de UTI disponíveis. Na consulta realizada nessa quinta-feira, 17, onze desses vinte estavam ocupados – oito sem relação com a Covid-19.

Porém, quem vai até a casa de saúde pra verificar a situação, encontra realidade diferente. Já não existem vinte leitos de UTI no HM. Desde 6 de janeiro, a instituição tem apenas dez. Os outros, abertos especificamente pro enfrentamento da pandemia, foram fechados e desmontados. Assim, ao contrário do que mostra o sistema de acompanhamento do Estado, há lotação de pacientes em número que também diverge do portal: dez estão ocupados (três desses com Covid), segundo a direção do hospital.

O diretor executivo do HM, Carlos Batista, conta que a decisão de fechar os leitos foi de encontro a uma portaria do Ministério da Saúde que, em 31 de dezembro, determinou que janeiro seria o último mês de custeio aos leitos extras de UTI Covid; com repasses proporcionais aos que precisaram ser ocupados. O prazo acabou sendo prorrogado posteriormente, em função da evolução das contaminações pela variante ômicron, mas a direção do Hospital Montenegro já havia descontinuado seus dez leitos extras.

Batista garante que comunicou a secretaria de Saúde do Estado sobre a situação; e que, inclusive, se correspondeu com a pasta, apresentando suas justificativas. “Não tem equipe, não tem médico, não tem enfermeiro pros leitos. Nós já estamos passando um perrengue, porque tem vários funcionários que se contaminaram de novo. Então, como teríamos pacientes sem equipe?”, justifica. Questionada pela reportagem, a secretaria de Saúde não deu retorno sobre o episódio ou a desatualização do sistema de acompanhamento.

Quando abertos os leitos de UTI Covid, o Hospital Montenegro tinha se tornado uma das referências para, através da central de leitos do Estado, receber pacientes com a doença. Mas, segundo Batista, já não são enviados doentes de fora desde o comunicado da desativação, em janeiro. O diretor executivo garante que, no momento, os dez leitos de UTI que seguem em operação têm sido suficientes para atender a demanda da instituição.

Essa é a segunda vez que o sistema de acompanhamento da ocupação hospitalar do Estado contabiliza leitos que não existem em Montenegro como se eles estivessem disponíveis. Em novembro de 2020, o Jornal Ibiá revelou a mesma falha. Na época, seis leitos que não estavam abertos seguiam sendo somados, mostrando uma disponibilidade de espaço que não era real. A publicação acabou culminando na reabilitação dos seis leitos em questão, que passaram a ser disponibilizados aos pacientes. (DM)

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