Surpresas acontecem. Muitas delas nos trazem alegrias; outras nos parecem inusitadas; algumas nos fazem rir; porém umas nos entristecem, trazem dor e um sofrimento profundo. Essas realmente nos surpreendem! Ao mesmo tempo, nos ensinam e transformam o entendimento e olhar diante da vida aqui na Terra.
Assim foi: a surpresa bateu à porta daquele irmão sempre tão saudável e ativo. Vivia tranquilo, desbravando as estradas que lhe levavam ao destino. Numa delas foi surpreendido. Um mal físico o impedia de seguir. Um misto de dor latejava incessantemente no peito. Perdera a razão maior de viver. Até então, era o que acreditava!
A dor nos faz mergulhar nos nossos mais profundos sentimentos. É um momento de introspecção, quando temos a oportunidade de nos descobrirmos e nos conhecermos de verdade. As lágrimas que surgem, não só escorrem dos olhos, mas do nosso coração. São elas que nos depuram, lavam a nossa alma e nos conduzem a Deus. O sofrimento vem como um bálsamo amenizador das más tendências, oportunizando-nos compreender que somos Espíritos e que “o corpo não é senão uma veste grosseira que reveste momentaneamente o Espírito…” (Evangelho segundo o Espiritismo, Cap. XXIII). Por que necessitamos vivenciar o sofrimento para acordarmos para o verdadeiro sentido de aqui estarmos? Pela nossa imperfeição!
Então, diante de tanta aflição, lentamente, no seu tempo, sentiu Deus consigo mesmo e descobriu-se Seu filho. Na prece, a renovação da força espiritual e a aceitação da razão daquele sofrimento. Um longo caminho de aprendizagem, de desapego da matéria e de compreensão de que “a vida espiritual, com efeito, é a verdadeira vida, é a vida normal do Espírito; …Jesus lho ensina: Não vos inquieteis com o corpo, mas pensai antes no Espírito; …” (Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XXIII).
Naquele dia, com dificuldades, caminhou até o mar. No corpo, a fragilidade; no Espírito, a coragem e a fé. Era grato pela vida, pela dor, pela aflição sentida. Já não era o mesmo de um passado que lhe parecia longínquo. Os tropeços encontrados foram lhe transformando. Na transformação, Deus se fez presente e descobriu-se mais feliz do que antes. Agradecia pelo sofrimento que lhe trouxera a consciência da existência de Deus. Ele O sentia. O corpo já não o obedecia, mas o pensamento em Deus o envolvia e sentia-se sereno diante das adversidades desta vida passageira. Todas pequenas diante da grandeza do amor de Deus!