Por indicação casual, assistimos a um filme, baseado em fatos reais. Uma história de recomeço; de quedas e feridas; mudanças e superação. Como sempre, na emoção vivenciada diante da dor do outro, pensamos: de onde vem esta força que o fez recomeçar? Este impulso de cair e levantar? De onde?
Um empresário jovem e promissor. Ideias possíveis e mirabolantes o conduziam. Querido e admirado! Uma família, uma esposa a quem muito amava, um filho que o tinha como modelo e outro, ainda em formação e crescimento. Tudo perfeito, exceto, o sogro com o qual divergia em muitos aspectos. No auge do sucesso e da perfeição da vida, descobriu-se com uma doença degenerativa. Perdia rapidamente o equilíbrio e a força dos músculos. Os prognósticos eram avassaladores. Por um tempo, mergulhou numa grande tristeza, quando, num último degrau do sofrimento, uma luz no pensamento de empresário criativo: triathlon!
Na maioria das vezes, quando algo ocorre que nos traz alegria, não agradecemos a Deus. Mas eis que, inesperadamente, um acontecimento nos enche de tristeza, nos abala tanto que nos revoltamos contra Deus e O julgamos injusto. Muitos questionamentos surgem, mas não O compreendemos. É justamente na dor que procuramos Deus, despertamos a fé adormecida e oramos. Esta atitude pode não ser imediata, porém, ao longo do tempo, abrimos os olhos e concluímos o quanto necessitamos de Deus e da fé fortalecida que nos auxilia na condução e no entendimento da vida terrena.
“Todos os sofrimentos: misérias, decepções, dores físicas, perda de seres queridos, encontram sua consolação na fé no futuro, na confiança na justiça de Deus, que o Cristo veio ensinar aos homens.” (Evangelho segundo o Espiritismo, Cap. VI – O Cristo Consolador). O que nos parece injustiça, nada mais é que um recado do Pai para mudarmos a maneira de conduzir a vida, provocando o despertar para a lei suave que Jesus nos ensinou com seu exemplo: a lei do amor e da caridade. A lei que nasce em nós primeiramente, para depois ser cumprida como um dever. Não um dever imposto, mas que é praticado de forma natural, pois vem direto do coração.
Diante do filme, não só sentimos como enxergamos as razões de Deus. Quem o treinou para o triathlon? Quem, ao seu lado, permanentemente o motivava a não desistir? Quem acreditava que seria possível tal superação? Quem o levantava quando seus músculos fraquejavam? Exatamente, o sogro. Lado a lado, entre altos e baixos, lá estava ele a treiná-lo. Em vão? Dois espíritos que ao reencarnarem precisavam se amar. Na dor, a aproximação e o perdão; na vida terrena, a reforma íntima: no triathlon, a inspiração divina, o amor e a presença de Deus.