As portas se fecharam de repente. Viu os sonhos derrotados. Dentro de si, uma esperança de reaver o que havia perdido. Embora tenha feito inúmeras tentativas, as marcas que surgiram, cicatrizes profundas na sua alma, impediam-na de persistir. Portas fechadas ao viver momentos de grande tristeza, quando mergulhou numa depressão intensa que a impedia de enxergar a abençoada vida que Deus lhe concedeu. Prosseguiu assim e, aos poucos, foi nela crescendo uma esperança, um novo caminho, uma nova escolha.
Quantos de nós, assim nos sentimos em determinadas ocasiões? Às vezes, sem um motivo aparente; outras, deduzimos situações e acreditamos serem as causadoras daqueles momentos, quando mergulhados na escuridão, não somos capazes de perceber a luz que emana de Deus, chamando-nos para continuarmos o percurso, cumprirmos o planejamento e abrirmos nosso interior para a serenidade que Sua luz nos traz.
Entre medicamentos e terapias se viu envolvida. Ao seu lado, a família terrena, como esteio. Entre angústias e indecisões, convivendo com alguém que lhe era muito próximo, seguiu, mesmo sendo impossível retornar ao seu sonho perdido. Chorou muitas vezes, mas não desistiu. Alimentou a esperança e nela, uma nova forma de olhar e sentir a vida. Aprendeu a amar e desenvolveu em si a humildade, a paciência; realizou voluntariado e aprendeu a se doar, ouvindo e aconselhando; despertou em si a consciência da sua imperfeição, o que lhe motivou buscar a transformação moral e espiritual.
Com humildade, prosseguiu. Na vacilação, recorria à prece, que lhe serenava o pensamento. No sofrimento, um novo renascer, novas formas de ser; no bem realizado, um coração iluminado no amor de nosso Paie as portas se abriram para um novo caminho. Às vezes, não percebemos a inspiração que vem do alto, de Deus que se faz sempre presente, assim como nesta passagem do Evangelho segundo o Espiritismo: “Sede indulgentes, meus amigos, porque a indulgência atrai, acalma, reergue…” (Cap.10, Bem-aventurados os que são misericordiosos).
As portas se fecharam. Pra lá, não retornou. Em contrapartida, inúmeras outras abriram dentro de si: a porta do amor, da caridade, do perdão; aquela outra que abre os olhos para sentir e ver a beleza deste presente encantador nos dado por Deus: a vida! Finalmente, entre a medicina terrena e a espiritual, descobriu-se como filha de Deus e viu nos ensinamentos de Jesus, as portas se abrirem para a felicidade terrena.