Ele dedicava grande parte do tempo a pessoas que jamais conhecera anteriormente. A profissão assim o exigia. Nós o olhávamos com grande admiração e absorvíamos através de seus atos de bondade e amor, a generosidade que havia em seu coração. Era amado por muitos e criticado por outros. No entanto, seguia fielmente a lei do Amor que Jesus nos ensinou: “Benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros, perdão das ofensas.” (Livro dos Espíritos, questão 886).
Através da maneira como agia, refletíamos: na benevolência, o amor e a caridade se faziam presentes; na indulgência, a compreensão e aceitação dos outros e de si mesmo e, simultaneamente, o perdão acontecia. Em tudo, a simplicidade no ser, semelhante a Jesus, embora não manifestasse para nós a sua crença. E precisava? Não, o exemplo a revelava. Nele enxergávamos a “centelha divina” aquela partícula de Amor que trazemos em nosso espírito, partícula essa do Amor de nosso Pai.
Um dia, contou-nos uma história de uma vovó, cristã fervorosa, que frequentava uma Igreja no vilarejo onde morava. Seu neto se surpreendia que sua avó, nos seus 80 anos, costurasse permanentemente enxovais de bebê e os doasse à Igreja a qual frequentava. Um dia, descobriu uma pilha de cueirinhos já prontos. Quando questionou a avó se os levaria ao destino previsto, ela respondeu que levaria à Casa Espírita. Vendo a surpresa nos olhos do neto, complementou: “Eu confecciono; Jesus dá o destino”.
Um dia, foi chamado a uma das moradas de Deus. Partiu ainda jovem, mas era o seu momento. O vazio da sua ausência e a dor sentida, aos poucos, dissiparam-se pelos ensinamentos que nos deixou e que, embora nunca tenha revelado, aprendeu com Jesus. No silêncio sobre a crença a que seguia, no seu modo de viver, revelou ao seu pequeno mundo, procurando cada vez mais assemelhar-se a Jesus. Conosco esteve e não foi acaso! Deus permitiu essa convivência, porque dela necessitávamos para descobrir em nós a centelha divina do Amor de nosso Pai Maior.
Todos a temos! “O Amor é de essência divina e todos vós, do primeiro ao último, tendes, no fundo do coração, a centelha desse fogo sagrado.” É o momento de despertar em nós essa centelha! De sentirmos o outro como nosso irmão. De sermos benevolentes e indulgentes conosco e com eles. Na indulgência, o perdão! Aí está o nosso propósito de Natal e do Novo Ano: “Amai-vos uns aos outros como irmãos,” permanentemente; e com fé, prece e perseverança, entrelacemos nossas mãos numa grande corrente de Amor, acordando a Centelha Divina que vive em nós.