De que lado você está no jogo da vida? Do lado do horror ou do outro? Lembre-se: há sempre dois lados, pelo menos. E lembre-se ainda mais: há um jogo. Às vezes mais de um ao mesmo tempo. É jogo de escolhas. Múltiplas. Você escolhe o tipo de sociedade, o tipo de escola, o tipo de crença, o tipo de política, o tipo de amor. Sim, senhor: existem muitos tipos de amor.
E, me diga uma coisa: além do tipo, você também escolhe se tolera ou não o que você não escolhe? Porque, para um sujeito democrático, se existe um tal sujeito, há as escolhas e as não escolhas. E as não escolhas são tão importantes quanto. De que lado você está neste jogo?
Do lado que respeita suas não escolhas e escolhas dos outros? Ou um cara que vai encher o saco dos outros por que as escolhas deles não são iguais às suas? O que são as minorias para você? Pessoas capazes de todo amor que houver nesta vida, ou só as pessoas que escolhem o mesmo que você são pessoas de bem?
Você é do tipo vive e deixa viver, ou do tipo que não consegue conviver com uma tatuagem que nem está no seu corpo? E o corpo? Qual a sua política para ele? Porque há uma política para o corpo. Em tudo há uma política. Por que para o corpo não haveria? Já parou para pensar que o corpo faz parte do amor? Você se incomoda com isto? De que lado você está neste jogo?
A sociedade é uma infinidade de tribos. Algumas tocam o horror. Outras, alienadas de tão pacíficas. Algumas lutam por seus direitos. Outras lutam por seus ódios. Umas, pelo que perderam. Outras, para manter o que ganharam. Outras somem, sufocadas pelo violento direito dos outros. De que lado você está neste jogo? Você está do lado de quem sufoca, ou de quem discute possibilidades, verdades e mentiras? Você ouve a voz dos fracos, ou os ensurdece com o grito feroz de uma maioria com a manipulação de seus medos e fraquezas? De que lado você está neste jogo?
Você está do lado de um governo que media conflitos ou do lado de um que os inflama na busca de dizimar as vozes discordantes de seu mundo? Você é dos que creem que as diferenças humanas compõem sínteses mais interessantes ou que uma única “verdade eterna” faz do mundo um lugar melhor para se viver?
Você acredita que cor, orientação sexual, opção ideológica definem um ser humano? Se ele será bom ou mau, solidário ou cruel, útil ou inútil, bendito ou maldito?
Você já decidiu se a Terra é redonda ou plana? E, se decidiu, sabe como se dá o dia e a noite, as estações do ano, na situação que você escolheu? Não esqueça: as coisas são como são. Mas você pode escolher e acreditar no que lhe convier. Se isso lhe traz paz e lhe justifica. A vida é um jogo de múltiplas escolhas. De que lado você está?
Escolhas nos jogam nos braços das consequências. Escolhas definem rupturas com outras formas de pensar. E neste jogo de rupturas, o que você faz: você permite que o ódio seja mais forte que as ideias? Que preconceitos tomem o lugar da razão? Que as frustrações pessoais definam as políticas públicas? Como você debate suas crenças? Usa o grito ou o argumento? O convencimento pela opressão, ou pela democracia?
Podemos escolher abraçar as crianças. Ou escolher dar tiros no adulto que se tornarão. É uma opção entre amor e horror. A vida é um jogo de múltiplas escolhas. Faça a sua!