A nova geração de professores

No meu tempo de aluno, tive grandes professores. Os melhores da época. Minha infância e adolescência, se foram enriquecidas por uma vida difícil (e o vejo hoje), também foram pela qualidade dos meus professores. Cada um deles modificou minha vida para melhor, à sua maneira. Apesar das diferenças de cada um, eles tinham uma qualidade comum: eram sábios e queriam dar o melhor de si aos seus alunos.
Hoje acompanho de longe, mas tenho visto uma nova safra de professores que orgulharia a geração anterior. Até porque creio que cada pessoa é também fruto da sociedade que a cria. E a cidade, apesar de todos os percalços e dificuldades por que tem passado, ainda consegue formar bons mestres. Mestres sonhadores que querem dar ao mundo o melhor de si.
Há poucos dias, vimos no Ibiá o prêmio da professora Daniela Heckler com seu projeto “Arte na escola”. Justo no ensino infantil, um momento sui generis do ser humano. Kipling, que escreveu “Mogli, o menino lobo”, já o afirmava: “Deem-me os seis primeiros anos de uma criança e podem ficar com o resto”. Se há o que fazer, deve-se começar cedo.
Outro projeto de destaque é o de inclusão e construção da autoestima de crianças negras, encabeçado pela professora Monaliza Furtado através da leitura de autores negros. Finalista do Prêmio RBS de Educação, vai trazer bons ventos à educação brasileira.
Resumida, eis nossa educação municipal. Num mundo cada vez mais difícil, a necessidade básica é criar condições para que a meninada avance. Dificuldades serão encaradas com mais coragem e determinação por crianças fruto de projetos e de processos mais humanizados.
Nesta linha, temos os alunos que vencem olimpíadas de matemática; as feiras de ciências cujos projetos levam aos Estados Unidos, todos orientados por professores dedicados, que querem dar o melhor de si aos que querem aprender.Não existe uma “cidade das artes” sem antes haver uma “cidade da educação”.
E sem desconsiderarmos os professores e alunos que não ganham prêmios, mas que fazem seu papel tão bem quanto e que são tão importantes quanto.
Uma sociedade que forja tanta gente boa, em tantos setores diferentes, com tantas qualidades únicas, há tantas décadas, não é uma sociedade qualquer. Montenegro é um criadouro de inteligências. E se hoje o mar revolto do momento leva o país à deriva e nós com ele, temos estas pessoas que não se entregam; as apostas únicas possíveis de êxito. Se nossa elite dirigente apodreceu, não há saída fora das novas gerações.
Daniela Heckler, Monaliza Furtado e tantos outros professores que fazem a diferença no dia a dia, os que contagiam seus alunos com a curiosidade do saber, que geram projetos científicos, culturais, artísticos; que embebem as crianças de autoestima, de alegria, de paz, de crença em si e no futuro, são estes que precisamos. Estes que os governos massacram, são estes os que precisamos. Estes que a sociedade ignora, são estes os que precisamos.
Se muitos arrefecem, perdem o ímpeto, a motivação, não há como condená-los. A estrutura moderna do país não quer professores motivados. Mas se se motivam mesmo assim, há uma revolução. Escondida na balbúrdia da sala de aula: há uma revolução.
Balzac escreveu: “Maldito daquele que não clamar no deserto por pensar que não será ouvido”. Daniela, Monaliza e tantos outros estão clamando. Estamos no deserto, mas estamos ouvindo vocês.

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