Bolsonaro foi eleito pela impaciência do povo. E pela decepção. A corrupção da cúpula petista fez o grande favor de conduzi-lo ao poder. Nada mais frustrante do que ser traído pela grande esperança de que tudo podia mudar, de que tudo seria feito diferente. Não foi. Os magnatas seguiram com suas tramoias no poder e o Zé Povinho seguiu sendo enganado. E por mais que se diga que houve combinação de Moro com promotores, jogada ensaiada, conversa no aplicativo não sei das quantas e outros argumentos resumidos como “golpe”, nas redes sociais, nada muda o que aconteceu. Milhões desviados foram desviados e contra isso não há argumento. Houve o crime. Então, como repito há mais de uma década aqui, ainda perderemos nossa preciosa liberdade pela incapacidade de lidar com ela. Estivéssemos num rumo diverso, na construção educacional verdadeira e coletiva, um discurso tão simplista (para não dizer simplório) jamais venceria eleições. A vitória da estupidez foi a derrota da Educação. Quase quatro décadas sem ditadura e não conseguimos educar nosso povo.
Este povo mal sabe ouvir uma música no som do carro sem respeitar o vizinho, não gosta de pensar. E está nem aí para o respeito. O problema do Presidente é que ele tem se superado. Não se porta como estadista, chefe de uma Nação gigantesca. Mas como um filósofo de boteco já no meio da manguaça e sem paciência. Nada precisa ser avaliado, pensado. Tudo pode se resumir uma análise esdrúxula, vazia e sem qualquer fundamento. Nenhuma opinião contrária importa. Esse tipo de postura levanta parte da massa. Mas não é preciso muito para levantar boa parte da massa neste país. Basta prestar atenção no tipo de música que anda lotando show por aí. Chega a doer no cérebro. O Presidente podia, no máximo, atuar como comentarista de um programa de auditório classe B, ou um noticiário sensacionalista movido a gritos, sangue e lágrimas, onde o apresentador estilo Datena anuncia assalto na zona oeste de São Paulo e o comentarista presidente rebate, “tem que matar um diabo desses!”. Sim, bem popular. Parte da torcida gritaria “olé!” em casa. Mas o problema foi resolvido? E é assim que a coisa anda. Nada se resolve. Tudo fica na polêmica incendiária e só.
Frase de efeito não resolve problema. Discurso simplista não cabe para quem tem o dever de gerenciar, procurar saídas, encontrar planos que atendam a todos. O presidente de uma nação não pode ser nem partidário, pois é presidente de todos, quanto mais preconceituoso, racista e sexista. Um presidente não pode incitar o ódio e o conflito entre os seus. Cada baboseira dita vira duelo em redes sociais e agressões verbais e físicas país afora. Cada frase sem pensar é alimento para uma violência que já nos assola demais. Cada análise superficial dita com escárnio mostra às gerações de jovens brasileiros que estudar não é preciso, ler não é preciso, pensar, respeitar e sentir muito menos. Diga qualquer asneira no achismo mais estupido que houver e venha ser líder como eu. Fiasco! Os tempos de breu trazem, consigo, um baque surdo de coices.