A grande promessa do Governo do Estado, com a futura privatização da Corsan, é a de uma melhor entrega dos serviços à população. Nas mãos de uma empresa privada, o montenegrino deixará de conviver com problemas vividos com a estatal; como a demora no reabastecimento e nos consertos, os asfaltos deixados com remendos e – um problema mais recente – a água entregue com cheiro e gosto longe do ideal. Na prática, porém, não há o que garanta essa qualidade toda.
O caso da CEEE, que tomou o noticiário estadual na última semana, deixou isso bem claro. Nem um ano após a privatização da companhia, a Equatorial, que assumiu o controle da concessionária, virou foco de reclamações pela demora no abastecimento de energia elétrica à moradores da Região Metropolitana após o temporal de 6 de março. Cinco dias passaram e milhares de residências ainda estavam sem luz. Como se não bastasse, clientes se queixavam de problemas na comunicação com a empresa; e Defensoria Pública, Procon e Ministério Público precisaram entrar em ação para agilizar as correções. A empresa garantiu que vinha trabalhando nelas; mas apontou ter perdido pessoal e que estaria com eletricistas ainda em treinamento.
O episódio evidencia que, ao contrário do que muitos gostam de vender, não dá pra acreditar em milagres numa privatização. Embora o potencial de melhoria nas entregas seja ampliado, problemas podem ocorrer de igual forma e, nas mãos do governo ou de uma empresa, o serviço pode deixar a desejar. Estão aí todos os problemas que os montenegrinos têm com a RGE, uma empresa privada, pra também nos lembrar disso.
Os governantes precisam pensar em alguns ajustes. Um deles nos contratos que oficializam as privatizações a fim de garantir, especialmente nos serviços essenciais, que o atendimento ocorra mesmo que durante (demoradas) fases de transição; como a que aponta a Equatorial com os seus problemas com equipes. Além disso, é necessária uma ação mais efetiva de agências reguladoras como a Agergs pra que garantam a qualidade dos serviços prestados, sejam por estatais ou não. A agência, afinal, é falha ao fiscalizar a excelência das entregas da Corsan, ainda pública; e parece ter falhado com a Equatorial, que também é de sua competência.
Pra tirar do papel
Quinta-feira, mais uma reunião no Hospital Montenegro (foto) discutiu a possibilidade de transformar a casa de saúde num Centro de Oncologia regional. O vereador Sérgio Souza (PSB), que vem liderando as tratativas representando a Câmara, destacou a importância da união de esforços de várias lideranças pela causa. No encontro, estava o prefeito Gustavo Zanatta; o secretário municipal de Saúde, Rodrigo Streb; a deputada estadual Zilá Breitenbach, que preside a comissão da saúde na Assembleia; o presidente da Amvarc, Kiko Hoff; e representantes dos deputados federais Lucas Redecker, Pompeo de Mattos e do senador Lasier Martins. O grande desafio é convencer e achar recursos junto aos poderes executivos federal e estadual para tirar o projeto do papel.
Pra garantir
Com a chegada do projeto das reposições salariais do funcionalismo na Câmara, Paulo Azeredo (PDT) adiou sua licença, que iniciaria na última sexta-feira. Até o momento, ele foi o único a se declarar em favor da pauta dos professores, pela não desvinculação do plano de carreira
De olho
Voto vencido na semana anterior, quando a Câmara autorizou a criação de 66 novos cargos na Prefeitura, Camila Oliveira (Republicanos) quer ter certeza de que o Executivo cumprirá a promessa de preencher apenas seis do total de postos autorizados. Serão professores; em falta nas salas de aula. A vereadora protocolou pedido de informação à Administração quanto ao número de servidores alocados na Smec em fevereiro. Depois, vai querer comparar os dados.
Azeredo, governador!?
O vereador Paulo Azeredo (PDT) quer alçar voos mais altos neste ano. Há, inclusive, a pretensão de uma candidatura a governador do Estado, segundo o próprio informou à coluna. O movimento depende da definição do partido que, em peso, quer o presidente do Grêmio, Romildo Bolzan Júnior, como seu candidato ao Piratini. Os pedetistas dizem ter feito pesquisas que mostram que, mesmo com a queda do tricolor pra segunda divisão, a popularidade de Bolzan segue com potencial para a disputa. Porém, ele ainda não aceitou. No caso da não concordância, com a realização de prévias, Azeredo quer colocar seu nome à disposição pra concorrer ao cargo de Eduardo Leite. A outra possibilidade – mais pé no chão – é de uma candidatura a deputado estadual; posto para o qual já foi eleito cinco vezes no passado.
Deputados!?
Camila Carolina de Oliveira, pelo Republicanos, também confirmou à coluna que é pré-candidata a deputada estadual. Quer ser a representante de Montenegro e região na Assembleia Legislativa. Ligada ao movimento conservador bolsonarista, ela foi eleita vereadora em 2020 com 647 votos.
A pretensão, porém, parece ter evidenciado uma disputa no diretório municipal do partido. O presidente, o ex-prefeito Percival de Oliveira, também confirmou pré-candidatura a deputado estadual. Vindo do terceiro lugar nas últimas eleições para prefeito, quando conquistou 7.164 votos, ele afirmou à Coluna que “o candidato do partido que tem confirmação da vaga como pré-candidato sou eu. Não há mais vagas para estadual.”
Batendo o pé
Questionada sobre a afirmação do presidente do partido, Camila Oliveira diz que não retira seu nome de consideração. “Em contato com as executivas estaduais e federais, mantenho meu nome para concorrer a deputada estadual”, declarou a vereadora. Segundo Percival, há meses, o presidente estadual do Republicanos havia comunicado Camila da situação; oferecendo-a a vaga de candidata a deputada federal.
Mais opções
Depois de Talis Ferreira (PP), Camila e Paulo são mais dois vereadores com a pretensão de deixar a esfera municipal e tentar uma cadeira na Assembleia Legislativa. Somados a Percival, são quatro candidaturas. Do ponto de vista ideológico, pode até ser interessante ter este leque de opções. Mas, a verdade é que, quanto mais candidatos a deputado estadual tivermos, menos chances teremos de ter um representante da cidade. As lideranças políticas precisam ter maturidade para abraçar um projeto que viabilize a eleição de um candidato local no legislativo estadual. Mas, para isso, é preciso colocar a cidade em primeiro lugar em detrimento de interesses partidários.
Aos números
Embora há muito tempo não consiga força para eleger uma liderança daqui para a Assembleia Legislativa do Estado, Montenegro tem votos para isto. Em 2018, Fran Somensi, do PRB, foi a deputada eleita com a menor quantidade de votos. Precisou 15.404 pra entrar. Por aqui, em contrapartida, são cerca de 47 mil eleitores aptos a votar.
Os reservas
Num cenário de eleição dos titulares, Rodrigo Corrêa é o vereador suplente de Azeredo; Fabrícia Souza a de Talis; e Cristian Souza o de Camila. Eles assumiriam na Câmara, por aqui, pelos últimos dois anos desta legislatura.