Terminou sábado a 19ª Feira do Livro de Montenegro. A organização promoveu atividades presenciais e on-line, democratizando o acesso ao evento nesses tempos de pandemia; e se destacou no incentivo à Literatura, valorizando escritores locais. Porém, depois do debate sobre se Montenegro merecia, mesmo, o título de “Cidade das Artes”, há que se registrar uma lamentável situação que poderia ter sido evitada.
Em mais um ano, os organizadores não chamaram o grupo de Teatro Renascença, aqui de Montenegro, para participação. Eles nunca estiveram no calendário oficial da feira, tendo apenas participado em 2018 mediante um convite pessoal da patrona da época, Elita Martinelli Peralta (foto). É uma injustiça com um grupo de mais de três décadas de atuação; premiado com o projeto “Tricontando Histórias”, que tem espetáculos para crianças e oficinas de contação de histórias que se encaixam perfeitamente em uma feira do livro. O Renascença, inclusive, já se apresentou em vários eventos do tipo na região; e, no âmbito do auxílio emergencial da cultura que recebeu, ainda “deve” a apresentação de três espetáculos para o Município como contrapartida. Seria a oportunidade perfeita.

Não bastasse esse “esquecimento”, a situação ficou pior a partir de uma mensagem da direção da biblioteca ao diretor do grupo, Everton Santos, com o pedido de orçamento para um espetáculo teatral de rua aos artistas. Como o grupo tem mais de uma peça, Everton questionou para que tipo de evento seria. Era, justamente, para a feira do livro.
O diretor achou a situação curiosa, pois a programação já havia sido divulgada pela Prefeitura. Então foi questionar. Eis que a solicitação do orçamento não era pra fazer contratação. Longe disso. Era apenas pra fazer uma média de preços em comparação com os outros; que foram contratados. Everton contou ao Ibiá que sentiu um “tapa na cara”; como se o Renascença não tivesse servido para a apresentação, mas apenas para os trâmites burocráticos.
Questionada pela coluna, a diretora da biblioteca, Maria Terezinha Kraemer Canello, pediu desculpas pelo constrangimento. Explicou que o Município, mais uma vez, contratou atrações através do Sesc, considerando a experiência da entidade e a facilidade da dispensa de licitação. Então, “por zelo com os recursos públicos”, também buscou outros fornecedores de serviços assemelhados para confirmar se os valores estavam na média dos praticados. A diretora ressaltou que a feira contou com talentos locais; e que o Renascença é “tradicional prestador de serviços culturais ao Município”, sendo o trabalho mais recente a encenação da Via Sacra.
A justificativa, porém, é mais uma evidência de práticas antigas que levantaram a discussão sobre o título do Município. Mais que qualificado, o Renascença ficou de fora em detrimento de outros; que nem são da cidade. Sem entrar no mérito da mensagem enviada ao grupo, fica claro que está mais do que na hora de o poder público de Montenegro repensar como essas atrações são contratadas.
Restauração em pauta
Desde o início do mandato, o vereador Gustavo Oliveira (PP) vem trabalhando para conseguir fazer andar o projeto de restauração do prédio da antiga Aripê, ao lado da Câmara. É uma pauta antiga; que visa revitalizar a edificação construída em 1932 para o primeiro paking house do Município. Ela também abrigou importantes organizações de laticínios; marcando história no desenvolvimento de Montenegro. A restauração já foi pauta de reunião neste ano; e mais uma está pra ser marcada. A ideia é buscar parceiros fora do poder público pra desenvolver o local na beira do rio; e torná-lo espaço de referência da citricultura, voltado ao turismo, gastronomia e cultura.
Será ótimo ver a proposta, enfim, virando realidade. E nessa linha, talvez já se possa começar a pensar, também, no que será feito da Usina Maurício Cardoso, logo ao lado. Se o projeto se mantiver em pé, afinal, a sede da Câmara irá, no futuro, pro novo Centro Administrativo no Timbaúva; e não poderá se deixar mais um importante prédio histórico cair no desuso.

PROJETO
Pra lá
Cedendo às pressões externas, a tribo de índios que estava instalada no bairro Centenário se mudou pra outro terreno, também do Estado, mas em Capela de Santana. Não foi solução, mas a transferência do problema de um lugar pro outro. Na cidade vizinha, porém, o local não é urbanizado e, ao contrário do que ocorria aqui, recebe apoio da Funai para o início de tratativas pra cessão oficial à tribo; que passe por acordo com a União. Já tendo declarado que tudo o que Montenegro “não quer” é jogado pra Capela após toda a situação do pedágio, o prefeito capelense não gostou nada da história.
Oncologia
O vereador Sérgio Souza (PSB) tomou a frente da mobilização para trazer um Centro de Oncologia pro Hospital Montenegro. Juntou os colegas da Câmara para passar uma moção de apoio à instalação; e agora quer ir aos municípios da região para incentivar que eles também façam o mesmo. A ideia é mostrar força para levar a demanda ao Estado no cenário atual que é de corte de repasses. Com anos no setor de remoções da Prefeitura, Sérgio conhece bem a realidade de pacientes com câncer que precisam sair da cidade para buscar tratamento.
Pro Baixio
Uma das emendas solicitadas durante a viagem do prefeito Gustavo Zanatta à Brasília, em agosto, acabou não emplacando. Foi a solicitada ao deputado Marcelo van Hattem (Novo); de R$ 950 mil para a revitalização do Baixio. Segundo o diretor de Turismo da Prefeitura, Jaime Buttenbender, van Hattem fez um “concurso de emendas” e acabaram sendo contempladas demandas de outros municípios; com valores menores. O governo segue tentando outras fontes para custear o projeto; e avalia, também, dividir ele em etapas para que possa ir sendo executado aos poucos.
Interessada
Na semana passada, o governador Eduardo Leite e secretários participaram de uma missão internacional na Espanha e na França. O objetivo foi explorar oportunidades na área de inovação e abrir caminhos para negócios ligados à carteira de privatizações. É claro que o potencial das concessões das rodovias da região foi um dos destaques. Uma das empresas visitadas, a espanhola Sacyr, já mostrou interesse no contrato. Ela é a mesma que assumiu a RSC-287, no trecho entre Tabaí e Santa Maria. Das grandes, também trabalha com ferrovias, hospitais, aeroportos e – alô, Corsan! – empresas de água.
Falando nisso
Como a instalação da praça na localidade de Paquete, em Capela, na ERS-240, não agradou; o Estado já lançou outra opção aos prefeitos. Avalia a instalação, de novo, na RSC-287, junto à localidade de Muda Boi. E já tem vereador montenegrino considerando organizar algum tipo de manifestação contra a ideia. Pra nós, o “menos pior” seria, mesmo, ter o pedágio na RSC-287, mas mais adiante da comunidade, em direção à BR-386. Difícil é o Governo Leite aceitar.
De castigo?
Há quem diga que o vereador Felipe Kinn (MDB) foi colocado de castigo pelo governo municipal. Isso, após seu papel na divulgação das nomeações de parentes de outros vereadores para cargos na Prefeitura. Apesar do convite, em nenhuma das duas últimas reuniões que o emedebista promoveu na Câmara, o Executivo enviou participantes. A primeira delas, no dia 1º, também tinha convidados de fora, interessados no assunto; e acabou gerando uma situação bem chata pro parlamentar.
Ambos os encontros eram temas pertinentes. O primeiro, em 1º de outubro, trouxe a associação de skate montenegrina com o intuito de promover diálogo com o governo sobre a construção de uma pista de skate adequada à competições nacionais no Centenário; já dentro do projeto de revitalização do parque. Acabou virando uma conversa só entre o vereador e os atletas. Já o segundo encontro seria na quarta-feira passada, dia 6, somente com o Executivo para tratar da possibilidade de áreas inativas da Prefeitura serem vendidas; diminuindo despesas e aumentando a arrecadação do Município. Nem aconteceu.
Sala do Empreendedor
Que bom que, mesmo com a troca de parte da equipe na mudança de gestão, a Sala do Empreendedor de Montenegro segue oferecendo serviços de qualidade. É o que atestou o Sebrae na semana passada ao oferecer, mais uma vez, o Selo Ouro ao espaço; que é um importante incentivo aos negócios locais. Nós ficamos na torcida – e acompanhando de perto – pela inédita conquista do Selo Diamante; a mais alta classificação.