Em março de 2023 o Ibiá completa 40 anos de trabalho jornalístico em Montenegro e região. Entre tantas pautas, cobranças, opiniões e registros sobre os problemas que impactam na vida das pessoas, a saúde pública, seguramente, é um tema que está no pódium dos assuntos que receberam mais destaque nas páginas do impresso e nas plataformas digitais.
Quando se fala em saúde, estamos falando sobre vidas. A situação que enfrentamos na atualidade pode muito bem ser representada por uma fala de um filme chamado “Mais que Amigos: Vizinhos”, que diz “Nós estamos em guerra. Uma guerra de saúde pública. Não estamos enfrentando um exército nem outro país, mas o inimigo está à espreita e avançando. E isso requer a mobilização de todos.” No filme, o cenário retratado é a pandemia.
A guerra que enfrentamos em Montenegro e região é a da falta ou lentidão no acesso a cirurgias e consultas com especialistas. Esta demora acaba fazendo com que doenças que poderiam ser curadas, se diagnosticadas precocemente, resultem em óbitos ou mais gastos no tratamento. Os três entes protagonistas, Municípios, Estado e HM 100% SUS têm suas atribuições e responsabilidades definidas e pactuadas, no que diz respeito aos atendimentos.
Montenegro avança ampliando a oferta de serviços médicos e extrapolando as suas obrigações legais. Com isto, visa minimizar e atenuar o drama que muitas pessoas enfrentam no momento da doença.
Em outra ponta, o HM 100% SUS, diante das reclamações da comunidade e de gestores públicos, justifica-se mediante notas que não precisa prestar contas e continua selecionando os atendimentos segundo seus próprios critérios.
O Governo do Estado, através da Secretaria Estadual da Saúde, diz a interlocutores que o HM 100% SUS não cumpre as metas pactuadas. Inclusive, mais recentemente, coloca este fato como justificativa para negar a implantação do Centro de Oncologia no Hospital. Este projeto uniu 14 municípios da região, que pleiteavam junto ao Estado este importante e vital serviço de tratamento do câncer.
E assim, os dias vão passando. As filas e doenças aumentando, vidas perdidas, guerra de versões e frases fortes. A população atônita e desesperada aguarda soluções. O Estado omisso faz de conta que nada tem a ver com a situação. O Ministério Público, que no passado sempre era o primeiro ente a sair em defesa da comunidade, hoje parece não ter a mesma agilidade e sensibilidade em relação ao drama que as pessoas que dependem da saúde pública estão enfrentando.
Alguns avaliam que o momento de disputa eleitoral tem dividido as lideranças políticas, mais focadas na eleição de seus candidatos. É hora de colocar o interesse público em primeiro lugar.
O velho problema dos buracos e Cais do Porto
O presidente do Legislativo, vereador Talis Ferreira, está solicitando ao Executivo Municipal a realização de reunião para discutir dois assuntos que estão incomodando o contribuinte. O primeiro diz respeito à quantidade de buracos espalhados pela cidade e que gera indignação e prejuízos aos cidadãos. O outro, sobre o Cais do Porto e os riscos inerentes ao desmoronamento. Sobre o Cais, o vereador quer, inclusive, a presença do Ministério Público, além dos setores municipais envolvidos.
São duas pautas de extrema importância e que merecem tratamento urgente. O projeto de microrrevestimento asfáltico ainda não deu o retorno esperado, tendo sido, inclusive, suspenso, com justificativa de questões climáticas; e com promessa da administração municipal de retomada em outubro.
Já sobre o Cais do Porto, não se tem conhecimento de nenhuma ação que venha a proteger área. É relevante discutir estes assuntos.
Camila na Comissão de ética
Um vídeo veiculado nas redes sociais da vereadora Camila Oliveira (Republicamos) é alvo de representação assinada pelo MDB, PTB e PSB, pedindo abertura de processo disciplinar. O referido vídeo foi produzido no gabinete da vereadora, no interior da Câmara.
A representação pede medidas disciplinares destacando que “atingiram a honra e a dignidade das mulheres” que têm pensamento diferente.
Pisou na bola
Ao som de um funk que compara mulheres esquerdistas com cadela, Camila, aparece acompanhada de duas jovens, que portam uma foto do presidente da República, em uma explícita propaganda eleitoral.
A letra do funk por si só caracteriza-se por muito mau gosto e até ofensivo. E, para piorar, é ambientado dentro da Câmara.
A “brincadeira” da vereadora pode sair cara. As penalidades previstas vão desde uma censura escrita até a perda do mandato, conforme o art. 14 da Resolução N.º 227, de 08 agosto de 2022.
Sai chamuscada
Há quinze dias, esta coluna avaliava que Camila saía fortalecida da eleição para a Assembleia, em vista de seu desempenho nas urnas. Este episódio certamente vai ficar marcado na sua trajetória política, indiferente do que resultar a avaliação na Comissão de Ética; especialmente por ela representar um eleitorado mais conservador e que não aprova este tipo de linguajar. A vereadora tem direito à defesa e esta certamente será garantida.