Os números oficiais de acompanhamento da pandemia em Montenegro tiveram uma retificação importante na última semana. A secretaria municipal de Saúde não vinha computando corretamente os índices de recuperação de pacientes que tiveram a Covid-19. Com isso, a quantidade de casos ativos registrava índices alarmantes; muito maiores que outros municípios como Santa Cruz do Sul, Porto Alegre e Triunfo. O setor da Vigilância Epidemiológica da pasta só soube do equívoco porque a reportagem do Ibiá foi atrás para questionar o que explicaria números tão altos. Tínhamos 21% de casos ativos na cidade, pelos dados oficiais e, com a correção, a taxa despencou para 4%.
O erro é grave. Primeiro porque dá gás ao teimoso discurso negacionista de quem não quer enxergar a real gravidade da crise sanitária. Segundo, porque, se as políticas municipais de enfrentamento à pandemia vinham sendo, realmente, baseadas nestes dados, o governo tinha indicadores incorretos para tomar muitas de suas decisões.
Com falta de leitos de UTI para atender a demanda, por exemplo, Zanatta determinou o repasse de R$ 1,05 milhão ao Hospital Montenegro em 30 de março sabendo (ou achando) que 1.737 montenegrinos estavam com a doença na data. Seriam centenas de pessoas com potencial de transmitir o vírus e precisar de internação. Da mesma forma, até quando a Câmara de Vereadores determinou, em 3 de março, que destinaria recursos do seu orçamento para a compra de testes rápidos, os parlamentares tinham em mãos o dado de que 1.312 montenegrinos estavam com a Covid-19 na data.
Não é possível saber quando o problema começou a ocorrer; nem em qual proporção. A curva de casos ativos, dos dados oficiais, começou a aumentar ainda em novembro; passando dos 500 em dezembro; dos mil em janeiro e batendo quase 2 mil em março, notavelmente o pior momento da pandemia no País. E, ao que parece, ninguém, nem mesmo o Gabinete de Crise, vinha analisando o indicador e o comparando com o de outros municípios. É preciso que isso seja muito bem apurado. Nas palavras da enfermeira, que ilustram este tópico, “em algum momento não atualizou”. Eles não sabem quem, nem quando. É preciso investigar!
Só elogios
Alguns eleitores do vereador Valdeci Castro, do Republicanos, estão estranhando que ele seja só elogios ao governo municipal. Afinal, foram 4 anos, praticamente, só de críticas; especialmente à manutenção de estradas e aos serviços urbanos. Em resposta, o parlamentar foi à tribuna dizer que não está defendendo o governo, mas defendendo o cidadão que agora está recebendo melhorias. Também disse que é melhor recebido nas secretarias hoje, ao contrário de algumas da gestão passada que tinham “prazer em não lhe atender”. A proximidade com os ex-colegas de parlamento que agora chefiam o Executivo tem feito a diferença para o vereador.
Mais contratos
Zanatta encaminhou à Câmara pedido de nova contratação emergencial de profissionais da Educação; dessa vez, 40 auxiliares. Também quer usar a lista dos classificados no concurso público para facilitar os trâmites que, segundo ele, são necessários por afastamentos de servidores do grupo de risco e também por necessidade de maior frequência de higienizações nas escolas. Chama atenção, assim como no caso dos professores na semana passada, o caráter de emergência do encaminhamento, feito só agora. A data original da volta às aulas era 8 de março.
Fica difícil!
Destaque da edição de hoje do Ibiá, a reforma do Proedi na Assembleia Legislativa vai autorizar que empresas com atividades correlatas à Indústria também se instalem em nosso Distrito Industrial. Mas o projeto será votado com a apreciação de uma emenda um tanto curiosa apresentada pela deputada Luciana Genro, do Psol. Ela propõe que parte dos terrenos do Distrito Industrial – no meio de indústrias químicas, longe de escolas, hospitais e qualquer comércio – sejam destinados a moradias populares.
Raio-x
Nesta quarta, 14h, ocorre a audiência pública de divulgação das metas fiscais da Prefeitura no 1º quadrimestre. Transmitida noYouTube da Câmara, será a primeira divulgação dos números da Administração Zanatta. Se adiantando, o governo já divulgou que conseguiu se manter dentro do orçamento; com receitas R$ 538 mil acima do orçado para o período.
As máquinas no Pareci II
O leitor deve lembrar da oficina de Pareci Novo onde foram avistadas máquinas da Prefeitura de Montenegro no início do mês. Aquela que, segundo o governo municipal, se disponibilizou a analisar gratuitamente os equipamentos com defeito para que o Município pudesse, então, saber que peças e serviços contratar para a manutenção. As tratativas eram dadas como uma “política de boa vizinhança”; que não garantiriam que a oficina fosse, efetivamente, ganhar o contrato de fornecimento quando ele fosse feito. Agora, a mesma está oficialmente fornecendo R$ 1.900,00 em peças para a Prefeitura com dispensa de licitação.
Questionada pela coluna, a Administração Municipal apontou que o contrato em questão e a situação das máquinas são situações distintas. As peças são pra uma retroescavadeira; e o que estava lá eram motoniveladoras. Quanto à dispensa da licitação, a Constituição prevê a modalidade para os “casos de emergência ou de calamidade pública, quando caracterizada urgência de atendimento de situação que possa ocasionar prejuízo ou comprometer a segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens, públicos ou particulares”. Na avaliação do governo, a situação das estradas do interior se enquadra no embasamento.
“No que diz respeito ao conserto das máquinas motoniveladoras, será outra concorrência, que a empresa responsável pelo diagnóstico e agora fornecedora de peças poderá até vencer se propuser o menor preço”, completa o esclarecimento enviado ao Observatório. Dentre os usos das motoniveladoras também está a manutenção de estradas.
Sobrando?
Em evento promovido pela Prefeitura e a ACI, o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Edson Brum, fez uma declaração polêmica. Disse que estão sobrando professores no Estado; que a sugestão da Unesco é ter 25 alunos por educador e que, no Rio Grande do Sul, essa média é de 11. “Quando se discute Educação, o sindicato dos professores só discute salário. Ele não discute outras coisas para qualificar os professores e também a Educação no Estado. Acaba a gente perdendo muito com isso”, adicionou. Ano após ano, escolas estaduais em Montenegro iniciam ano letivo com falta de educadores para lecionar em diversas disciplinas.
Insalubridade
Ao abrir processo licitatório para contratar novo laudo técnico de insalubridade e periculosidade na Prefeitura, o Governo Zanatta mexeu com as expectativas de quem se sentiu prejudicado com a polêmica revisão dos adicionais aplicada em março por orientação do Tribunal de Contas do Estado. Servidores públicos, especialmente os ligados à Saúde, questionaram o embasamento do laudo e pediram que ele fosse revisto. Mas não é essa revisão que está sendo contratada, agora. O edital publicado no fim da última semana é para a análise dos cargos de asfaltador, técnico de higiene bucal e assistente administrativo do Pronto Atendimento 24 horas. São apenas os que, na época em que o atual foi feito, em 2019, ainda não eram ocupados.