Buscando se enraizar como evento oficial e de relevância no Estado, a Festa do São João do Montenegro, nesse final de semana, precisou enfrentar alguns desafios que, provavelmente, já eram esperados pela organização. Um deles foi as condições climáticas pouco convidativas que são típicas dos meses especiais aos montenegrinos: o maio do aniversário de emancipação e o junho do padroeiro. O mau tempo, por exemplo, até hoje é a justificativa do ex-prefeito Percival de Oliveira para o fracasso da quarta edição da Expomonte, que acabou terminando de vez com o projeto.
Já um outro desafio a eventos do tipo por aqui é um pouco mais profundo. Passa pelo resgate da auto-estima e de um sentimento de pertencimento de parte da comunidade que, mesmo sem a cobrança de ingressos, acaba não prestigiando as atividades da sua própria cidade. O público do São João do Montenegro foi bom, mas poderia – talvez, até, deveria – ter sido bem maior.
Só que à parte do que já era esperado, o projeto, que só tinha fatores a contribuir positivamente com o Município, enfrentou um desafio que nada tinha a ver com a sua realização. Nas redes sociais e em alguns grupos de troca de mensagens, nasceu um lamentável movimento de boicote à festa, como forma de ataque à Administração Municipal comandada por Gustavo Zanatta. Na esteira do recente episódio envolvendo a reposição salarial dos professores municipais, ele nasceu na linha de “não tem dinheiro para pagar os professores, mas tem dinheiro para fazer festa? Eu é que não vou!”. Também houve manifestações relacionando o evento à buracos nas ruas da cidade. A desinformação parece ter sido proposital.
Nem cabe, aqui, voltar à complexa discussão da concessão do piso nacional do Magistério ou dos limites da Lei de Responsabilidade Fiscal, mas apenas lembrar que, ao contrário do que insinuavam as manifestações, o evento não foi custeado com verba do Município. O projeto foi feito pela empresa Idealize, com a captação de recursos estaduais e federais via Pró-Cultura e Rouanet. Através dessas leis de incentivo, o patrocínio foi dado por uma série de empresas; a maioria montenegrinas. A Administração Municipal, assim, atuou só como apoiadora. Só que, apesar das divulgações e dos esforços de alguns CC’s na tentativa de esclarecer isso, é provável que algum desavisado tenha, mesmo, aderido ao boicote sem compreendê-lo. O quão lamentável é isso?
O que nos resta é esperar que esse tipo de atitude, aparentemente motivada por disputas políticas e egoísmo, não acabe inibindo outras empresas – e a própria Idealize – de continuarem a acreditar em Montenegro como um local para a execução de seus projetos. O São João do Montenegro foi uma bela iniciativa. Envolveu membros da comunidade com o resgate das quadrilhas e da gincana, trouxe atrações diferenciadas e, o melhor de tudo, sem a cobrança de ingressos. E há muitos frutos a colher de um título como o de sede da maior festa de São João do Sul do Brasil, como era a pretensão dos organizadores. Montenegro merece isso! Mas alguns montenegrinos…
Bandeirinhas
Falando em apoio á festa, o prefeito Zanatta tem 30 dias para responder o pedido de informação protocolado pelo vereador Paulo Azeredo (PDT) sobre a atuação da Prefeitura na organização do São João do Montenegro. O parlamentar da oposição questiona a legalidade da atuação de servidores da Elétrica do Município na instalação de bandeirinhas; e da cessão de um caminhão para serviço em altura que foi usado para pôr a decoração. Azeredo disse entender que houve desvio de função; e que há grande demanda de troca de lâmpadas onde o trabalho poderia estar sendo aplicado. Questionada pela coluna, a Administração limitou-se a responder que o pedido de informações será respondido dentro do prazo legal.
Sendo um evento de entrada gratuita para a comunidade, parece justo o apoio dado se ele se mostrou necessário. Se a suspeita for de um improvável desvio do recurso captado para a instalação de bandeirinhas, a prestação de contas e a fiscalização do contrato devem localizá-lo. Inclusive, chama atenção vir do ex-prefeito esse tipo de colocação, sendo ele um grande defensor da realização de eventos, especialmente os tradicionalistas. Azeredo gosta de destacar sua ação para a construção da cancha de rodeios do Centenário, por exemplo, numa obra que também empregou máquinas que poderiam, em tese, estar trabalhando num outro local. A lógica é a mesma.
Para garantir o acesso
Se a Administração Municipal permitir a sugestão, seria importante, em apoio a futuros eventos gratuitos, disponibilizar transporte público para garantir aos moradores dos bairros a ida até a festa. É claro que há que se considerar a atual crise do serviço prestado pela Viação Montenegro, mas parte da democratização da Cultura é trazer meios para que as pessoas, efetivamente, a acessem. Deve vir aí a festa dos 150 anos – torcemos que, também, novas edições da Festa de São João – e um ajuste nas linhas de ônibus seria importante para o sucesso dos projetos.
Mirando no apoio regional…
Pré-candidato à deputado, o presidente da Câmara de Vereadores, Talis Ferreira (PP), aventurou-se na madrugada de sexta-feira à cruzar descalço sobre as brasas da fogueira na tradicional festa de São João da Macega, no município de Maratá. A prática é uma tradição antiga e, assim como em muitas situações da Política que ele conhece bem, envolve um certo jogo de cintura para a pessoa não sair queimada do outro lado. O registro foi compartilhado pelo parlamentar nas redes sociais. Você teria coragem de passar também?
Segue a busca por nova opção aos eventos tradicionalistas
Vereador que mais faz cobranças sobre o assunto, Paulo Azeredo (PDT) ficou de fora da comissão criada para definir uma nova área para os eventos tradicionalistas. Ao lado de nomes da Administração Municipal e de entidades, representam o Legislativo os vereadores Felipe Kinn (MDB), Juarez Silva (PTB), Sérgio Souza (PSB) e Valdeci Castro (Republicanos); todos aliados do governo. Quinta-feira, Azeredo revelou que o presidente da casa, Talis Ferreira (PP), o tinha procurado para que também integrasse o grupo; e ele aceitou. Acabou descobrindo, depois, que seu nome tinha ficado de fora do decreto assinado pelo prefeito Zanatta para oficializar a comissão. “Deixamos assim! Paz e amor!”, declarou, na tribuna, voltando a defender que, ao contrário do pretendido pelo Executivo, fique mantido o Parque Centenário como o local ideal.
Sugerindo uma certa contradição do ex-prefeito, Sérgio Souza (PSB) pediu aparte, na sessão de quinta-feira, para ler uma indicação feita por Azeredo ao Executivo no mês de fevereiro. Ela sugeria que o Município adquirisse o Parque Tio Manduca para implementar “um parque municipal de eventos que inclua eco turismo e uma pista de rodeio e concha acústica” integrado ao Baixio. Foi pouco tempo antes de dar entrada o projeto para a aquisição do imóvel, que causou polêmica pelo alto custo de R$ 1,5 milhão e acabou retirado. Paulo respondeu ao colega que essa seria uma “segunda alternativa”, uma “visão mais ampla” para aproveitar a infraestrutura do local, mas reforçou que discorda do valor em que estava avaliada a aquisição. Torcemos que a nova opção encontrada seja do agrado dos tradicionalistas e da população como um todo!
Incomodado
Depois dos costumeiros elogios ao Executivo, Valdeci Castro (Republicanos) surpreendeu em sua fala, na quinta-feira, ao disparar críticas aos ocupantes de alguns cargos de chefia da Administração. Sem citar nomes, disse que há quem não atenda suas ligações quando feitas direto ao celular do responsável por determinado setor. “Se não atende o telefone de um vereador, acredito que não vão atender nunca o de um contribuinte”, comparou. O parlamentar ainda apontou que há os que não cumprimentam a ele ou, mesmo, aos colegas de trabalho. “Será que estão com rei na barriga porque ganharam um carguinho?”, ironizou. O republicano ficou de repassar a situação ao prefeito Zanatta e disse que, se o problema não se resolver, vai expor os nomes dos referenciados. Quem será que tanto desagradou o vereador aliado?