Enfrentamos um dos momentos mais desafiadores da nossa história. A recente enchente não é apenas um evento climático extremo, mas um grito de alerta sobre a necessidade urgente de repensarmos nossa relação com o meio ambiente.
A enchente que afetou Montenegro não é um fenômeno isolado. Ela se insere em um contexto global de mudanças climáticas, onde eventos extremos se tornam cada vez mais frequentes e intensos. A elevação do nível dos rios, a intensificação das chuvas e a vulnerabilidade das infraestruturas urbanas são sintomas de um problema maior: a degradação ambiental resultante de décadas de negligência e exploração desenfreada dos recursos naturais.
A tragédia que se abateu sobre o estado do Rio Grande do Sul expõe a fragilidade de nossas políticas públicas em relação ao meio ambiente. A falta de planejamento urbano adequado, a ocupação desordenada das margens dos rios e a ausência de sistemas eficientes de drenagem são fatores que agravam os impactos das enchentes. É imperativo que a gestão pública adote uma postura proativa e preventiva, em vez de reativa, para mitigar os efeitos das mudanças climáticas.
Como bem disse o ambientalista José Lutzenberger em 1974: “Está claro que a espécie humana não poderá continuar por muito tempo com sua cegueira ambiental e com sua falta de escrúpulos na exploração da natureza.” Esta afirmativa ressoa com uma verdade incontestável: não podemos continuar cegos aos danos que causamos ao meio ambiente. É necessário implementar políticas públicas que promovam a sustentabilidade e a resiliência das comunidades. Isso inclui: Plano Diretor, Infraestrutura Verde (soluções baseadas na natureza) Educação Ambiental, Legislação e Fiscalização Rigorosa.
A mudança na gestão ambiental não depende apenas do poder público. A sociedade deve se engajar ativamente na construção de um futuro mais sustentável. A participação cidadã é fundamental para pressionar por políticas mais eficazes e para adotar práticas cotidianas que contribuam para a preservação do meio ambiente.
Esta reação climática é um doloroso lembrete de que a natureza não pode ser ignorada ou subestimada. A frase de José Lutzenberger, proferida há quase meio século, é mais relevante do que nunca. A cegueira ambiental e a exploração desenfreada da natureza têm consequências devastadoras, e é nossa responsabilidade coletiva agir agora para evitar tragédias futuras. A mudança na gestão pública e a adoção de políticas ambientais sustentáveis são imperativas para garantir a segurança e o bem-estar das gerações presentes e futuras.
Montenegro, assim como o resto do mundo, deve despertar para a realidade das mudanças climáticas e assumir um compromisso firme com a proteção do meio ambiente. Somente assim poderemos construir uma sociedade justa e sustentável.
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Frente que faça frente
Na primeira semana de dezembro de 2023, o vereador Gustavo Oliveira, Progressistas, protocolou um requerimento solicitando à Câmara Municipal de Montenegro a instalação de uma Frente Parlamentar de Enfrentamento às Enchentes. Na época, justificou na coluna Ponto de Vista, do Jornal Ibiá: “urge a necessidade de tomar medidas para minimizar a problemática das cheias do Rio Caí. Apenas com a enchente do mês de novembro, mais de 1.600 famílias tiveram suas residências atingidas pela água na nossa cidade.”
Infelizmente, uma devastadora enchente aconteceu cinco meses após as cheias de novembro de 2024, sem que sequer uma única ação tenha ocorrido após a criação desta frente.
O que era urgente no ano passado, hoje podemos dizer que é vital. O Poder Legislativo precisa abraçar esta Frente e de forma coletiva e harmônica buscar ações que possam trazer perspectivas efetivas de enfrentamento as cheias.
Sabemos que soluções de mitigação aos efeitos das enchentes, que foram discutidas até agora, são onerosas e lentas. Mas isto não pode ser justificativa para nada acontecer.
É preciso dar o pontapé inicial. Qualquer proposta neste sentido deve ser amplamente debatida e analisada pela sociedade, especialmente com relação as conseqüências ambientais.
Força política, aliada ao conhecimento científico são pilares essenciais. Montenegro sedia um Campus da Unisc, e é dentro de uma Universidade que vamos encontrar a bússola que pode nos direcionar para o melhor caminho.
O Vereador Gustavo tem o desafio liderar uma Frente que realmente vá para frente, que saia dos discursos e do papel. O Ibiá, em todos os seus canais de conteúdo, estará acompanhando este trabalho, informando e debatendo.
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Ingás abatidos
Nos últimos dias, um dos assuntos mais debatidos, depois das enchentes, é a questão de como o equilíbro ou o desequilíbrio ambiental está impactando no clima. Mas parece que para o Legislativo Municipal, especialmente o presidente interino, vereador Sérgio Souza (MDB), este assunto não preocupa.
Na quarta feira, 22 de maio, o vereador Sérgio Souza fez um corte radical de três ingás que estão no pátio nos fundos do prédio da Câmara. Ao ser questionado sobre o fato afirmou: “Podei as árvores porque era necessário. Tinha galhos lascados para o lado da escola. Eu mesmo fiz, não precisa autorização para podas. A árvore não foi arrancada, está lá e vai crescer.”
A Coluna em várias oportunidades destacou positivamente diversas ações do vereador. Esta iniciativa, no entanto, vai para o topo da lista de ações negativas.
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Crime ambiental
Ao contrário do que se esperava, o assunto corte dos ingás no pátio da Câmara de Vereadores não foi tratado na sessão da última semana. O fato chamou à atenção e rendeu muitas críticas à atitude de um servidor público que deveria dar o exemplo ao cumprir leis.
Inclusive, recebemos uma mensagem de um contribuinte, informando que o servidor fez a poda em horário em que deveria estar a serviço da secretaria da Saúde. Fato este que deve ser esclarecido, se é ou não verdade.
Os biólogos avaliam como poda drástica, também conhecida como poda severa ou radical, aquela que remove parte excessiva de galhos e folhagens das árvores, acima de 30% do volume da copa. E muitas vezes deixando-as desfiguradas e vulneráveis a doenças, pragas e estresse ambiental.
A Secretária de Meio Ambiente já notificou o vereador sobre o crime ambiental e as infrações impostas. Não se tem conhecimento se haverá algum desdobramento do ponto de vista do Regimento Interno da Câmara de Vereadores.
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Duro na queda
Vereador Paulo Azeredo acabou se tornando, também, uma vítima da enchente. O edil arregaçou as mangas e foi ajudar na limpeza de casas atingidas pelas cheias.
Em meio à lama que invadiu as moradias, escorregou e caiu , resultando em um deslocamento no ombro direito. Procurou atendimento no Hospital Montenegro, onde não encontrou traumatologista de plantão.
Não resistindo à forte dor buscou atendimento no Hospital Regina em Novo hamburgo, onde constatou rompimento do tendão do ombro. Azeredo relatou na tribuna da Câmara como o médico colocou o ombro no lugar, sem anestesia. Tudo indica terá que ser submetido a cirurgia para recuperar o tendão.