Na relação a dois, os papéis desempenhados por cada um são determinantes para a saúde e da felicidade do casal. Uma das armadilhas prediletas do amor é a exigência de dedicação incondicional do parceiro.
No início, a vítima tenta resistir manifestando seus desejos, discutindo e fazendo acordos. Mas se o outro é pessoa ardilosa que exibe sofrimento diante das frustrações causadas pelos atos afirmativos do parceiro, este acaba cedendo, desistindo de seus valores e de sua postura independente.
Em nome do amor e, em parte da acomodação em lutar, acaba tornando-se servo. E, quando a mudança se instala, parte do que era atraente nele, ou seja, a força de sua personalidade, a diferença, o desafio, acaba desaparecendo.
A admiração e aprovação fazem parte de uma relação sadia e do amor verdadeiro. A pessoa se sente valorizada quando é amada por alguém que admira e a aprovação desta pessoa se torna um elemento importante no equilíbrio da relação. Os conflitos muitas vezes surgem do sentimento de que um não está sendo devidamente apreciado pelo outro.
Se o parceiro não tem mais vontade própria, se concorda com tudo que o outro deseja, desaparece como pessoa e não pode mais ser admirado. Sua aprovação ou desaprovação deixa de ser relevante; já não serve para a autoestima, para o orgulho de ser um parceiro altivo, já não é um parceiro de luta, pois sua personalidade de força sumiu.
O mecanismo inconsciente é simples: deseja-se uma pessoa forte, mas se tem medo de que esta força atraia outros, provocando o abandono. Faz-se então um esforço para dominá-lo até que ele se torne uma pessoa fraca, indigna do amor e incapaz de realizar uma parceria produtiva e admirada. Com isto tende a tornar-se uma pessoa com baixa autoestima e dependente, perdendo a individualidade e, com isto, seu charme e sua essência, os quais foram o motivo de sua união.
O amor exige concessões de parte a parte. Mas certos princípios e sentimentos básicos e pessoais não podem ser abandonados sob pena de um desenvolvimento desfavorável na relação, levando à infelicidade e ao desapego.