Cansados das chuvaradas desta semana, quedas de árvores, enchentes, chuva de granizo, finalmente o sol veio para ficar. Será?
Com a vinda da primavera as flores irradiam o poder de Deus, as frutas ficam mais viçosas, os pássaros mais cantantes. Em nossa casa temos árvores frutíferas que servem especificamente para os pássaros, em parte porque eles chegam antes de nós para colher e em parte porque fechamos o olho e preferimos apreciar seus regorjeios, os namoros na altura, os cantos e encontros das mais diferentes espécies e cores.
O ruído é tanto que mais parece reunião de condomínio sem o síndico. Acho que falam como foi a viagem, quantos filhotes vingaram da última primavera, qual o melhor lugar de fazer seus ninhos, se as frutas das árvores deste ano estão mais doces e porque os amigos do ano anterior não apareceram ainda.
Alguns apreensivos citavam que as pulverizações de veneno nas plantações de trigo e soja mataram alguns amigos, outros lembraram que foi o frio, a chuva excessiva molhou seus ninhos, outros que o desmatamento tirou-lhes a chance de ninhar quando precisavam.
Ouviam-se outros cantando felizes como se este dia fosse o último e criticavamos colegas do condomínio que estavam se preocupando demais. E saíam em busca de amores que estavam recém chegando. Exibiam suas lindas e coloridas penas com gorjeios e cantos estridentes.
Ah! Como me esquecer das flores? Os jardins e campos estão se colorindo, se atapetando de cores e aromas variados. Época das abelhas procurarem seu néctar, independentes, trabalham duro, porém, cuidadosas com os animados pássaros. Vai que algum deles queria variar o cardápio? E querer saborear uma proteína ao invés de frutos?
Não dá para vacilar, todos fazendo seus trabalhos e de forma sincronizada. A revoada de pássaros sabe que a primavera tem tempo marcado e necessitam se alimentar bem e procriar porque antes da chegada do frio precisam voar milhares de kilômetros para encontrar outras primaveras agora em lugares distantes, novos ninhos, novos desafios, novo recomeço.