São grandes as chances do vereador Valdeci Alves de Castro (PSB) escapar ileso das acusações de machismo que serão avaliadas pelo Conselho de Ética da Câmara. Em discurso na tribuna, dia 6 de junho, ele disse que alguns CCs da Prefeitura não têm coragem e, por isso, deveriam “usar vestido”. As duas mulheres do Legislativo, Josi Paz e Rose Almeida, curiosamente colegas de PSB, ficaram “tiriricas” e chegaram a pensar em fazer uma representação contra o discurso sexista. Contudo, Valdeci se deu conta da “bobagem” que disse e rapidamente foi às redes sociais pedir desculpas. Porém, o Conselho Municipal de Defesa da Mulher e a Delegacia Especializada de Atendimento às Mulheres encaminharam um ofício à Câmara pedindo providências. Pressionado, o presidente Cristiano Braatz mandou o documento ao Conselho, que deve se pronunciar em breve.
Cuidado
Na verdade, parece bem claro que o vereador não queria, de fato, atacar as mulheres. Ele repetiu uma expressão – machista, sem dúvida – mas ainda muito usada no dia a dia. Se tivesse vindo de qualquer outra pessoa, provavelmente não teria havido consequências. Contudo, de um vereador, a sociedade espera mais cuidado ao se pronunciar. Seu papel é lutar contra o sexismo e não endossá-lo, ainda que por um ato falho.
Aplauso
Na última sessão da Câmara, quinta-feira, depois de ver mulheres com cartazes no plenário criticando sua postura, Valdeci foi à tribuna outra vez e fez uma nova retratação pública. Alegando que tem pouco estudo e certa dificuldade para se pronunciar, disse que desejava manifestar justamente o contrário. Ou seja, que alguns homens deveriam ter a mesma coragem das mulheres. Aparentemente, convenceu e acabou sendo aplaudido.
WhatsApp
O episódio, porém, trouxe a público outra situação embaraçosa, envolvendo o presidente da Câmara, Cristiano Braatz (MDB). Logo após o discurso desastrado, no dia 7, ele chamou a atenção de Valdeci para a derrapada. Tanto que o colega imediatamente se retratou nas redes sociais. Sabendo que as vereadoras Josi Paz e Rose Almeida pretendiam ir ao Conselho de Ética, Cristiano mandou uma mensagem de WhatsApp para elas, sugerindo que desistissem. As duas se sentiram intimidadas e Josi divulgou o áudio na última sessão.
Sem segredos
Não é difícil compreender. No dia a dia da atividade legislativa, os vereadores trocam muitas mensagens sobre os mais diferentes temas, incluindo votações. O presidente errou o tom, mas, ao tornar público o conteúdo da gravação, Josi incinerou a confiança que vários colegas têm nela. Se fez com Cristiano, pode fazer com qualquer outro? A vereadora nem havia deixado a tribuna e os assessores de alguns vereadores já reviravam seus telefones atrás de mensagens polêmicas dela. Se encontrarem, elas virão a público.
Culatra
Na mensagem, depois de ressaltar que Valdeci, na verdade, estava enaltecendo a coragem das mulheres, Cristiano sugeriu que as colegas desistissem de apresentar, por exemplo, uma nota de repúdio. “Eu acho que não vale a pena comprar essa briga. Daqui a pouco, o tiro vai sair pela culatra”, afirmou. Acrescentando que a maioria das pessoas já entendeu o que o colega quis dizer, o presidente da Câmara comentou que qualquer iniciativa poderia “ficar chato” para as duas. “Não vale a pena se queimar por causa disso”, concluiu.
Interpretação
Cobrado pelas colegas na sessão, Cristiano alegou que foi mal interpretado e pediu desculpas. Segundo ele, o objetivo era preservar a Câmara e evitar uma polêmica desnecessária, sem ganhos para ninguém. Também garantiu que sua intenção não era proteger Valdeci e que sempre conduziu os assuntos do Legislativo com imparcialidade.
Revoltados
É provável que o Conselho de Ética, presidido pelo vereador Neri de Mello Pena, o Cabelo (PTB), arquive a denúncia. Ou, no máximo, faça uma advertência a Valdeci para que seja mais cuidadoso e escolha melhor as palavras quando usar a tribuna. Já a exibição do áudio pela vereadora Josi Paz pode até não ter consequências formais, mas, nos bastidores, está provocando grande revolta.
Renovação
O Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) realiza na próxima terça-feira, dia 25, convenção para a formação do seu novo diretório. O evento, que pretende reunir todos os filiados, ocorre na Câmara de Vereadores, a partir das 19h.
RAPIDINHAS
Vereador Felipe Kinn da Silva (MDB) explica por que não tem participado das sessões comemorativas realizadas pela Câmara. Ele atua no transporte escolar e não consegue estar no Legislativo antes das 19h.
Dois suplentes do PDT assumem praticamente juntos na Câmara de Vereadores. Erico Velten sai de 19 de junho a 7 de julho, abrindo espaço a Sérgio Souza. Talis Ferreira estará ausente entre 20 de junho e 6 de julho, permitindo a posse de Paulo Azeredo.
Alguns vereadores são rápidos em criticar o prefeito quando as licitações demoram a sair. No entanto, a própria Câmara abriu processo para a contratação de um serviço de portaria em 4 de fevereiro – há absurdos 133 dias – e ainda está bem longe da conclusão. É telhado de vidro que chama?
Frustração
Recebido com euforia por lideranças da região na semana passada, o secretário de Infraestrutura do Estado, Juvir Costella, fez muita gente perder tempo indo ao seu encontro. Como já haviam ocorrido várias promessas de recuperação da ERS-411, em Costa da Serra, todos acharam que ele ordenaria o início das obras. Nada disso. Sua excelência apenas declarou que, se não houvessem novos contratempos, os trabalhos começariam antes do dia 23. Uma informação que poderia ter passado por telefone e economizado a gasolina do deslocamento, paga pelo contribuinte.
Poço – Quando um secretário de Estado visita uma comunidade para dizer que “talvez”, “nos próximos dias”, iniciem obras para tapar alguns buracos, fica a certeza de que chegamos ao fundo do poço.
O problema não é a falta de veículos
O governo do Estado, após intervenção da vereadora Josi Paz (PSB), destinou mais duas viaturas para a Brigada Militar na região. Contudo, o comandante do 5º BPM, major Iber Augusto Giordano, com razão, lembrou que só isso não basta para garantir mais segurança à população. “Viaturas a gente tem um monte, todas abastecidas, isso não é o problema. O problema é a falta de tripulação. Temos três ou quatro viaturas ativas em Montenegro, mas se tivéssemos mais gente, teríamos umas 10”. E aí, governador?
Reféns – Distribuir viaturas costuma render boas fotos para os políticos usarem nas campanhas eleitorais, mas sem agentes para pilotá-las, representam desperdício de verba pública. Hoje faltam mesmo é pessoas bem treinadas e com salários justos para enfrentar as quadrilhas que tornaram o Rio Grande do Sul refém do medo.
Plantio
Sexta-feira à tarde, perto da Rodoviária, alguém plantou uma bananeira num dos buracos existentes nas vias lateriais à RSC-287. O protesto foi legítimo, mas tornou o local ainda mais perigoso para os motoristas. Felizmente, a planta foi retirada antes que causasse algum acidente.