Os sonhos constituem, há muitos anos, um desafio para psiquiatras e místicos do mundo todo. Alguns acham que são a simples costura de vivências e fatos dos quais tomamos conhecimento e que ficam acondicionados em algum recanto da nossa mente, como poeira entre os livros. Para o “tarado” Sigmund, o Freud, são desejos reprimidos. Também há quem acredite que podem ser premonições, uma espécie de mensagem cifrada do que está por vir. O fato é que já temos tecnologia para bisbilhotar os marcianos, mas ainda não sabemos exatamente o que acontece em nossa mente, ainda mais quando o corpo está na horizontal.
Eu não costumo sonhar com frequência. Ou simplesmente não lembro. Só lá de vez em quando. A madrugada de segunda-feira, porém, brindou-me com uma dessas raras oportunidades em que despertei e ainda recordava do que havia acabado de sonhar. Já vou avisando que é tudo muito absurdo.
Pois bem… eu estava na redação do jornal Ibiá, cercado de antigos colegas, acompanhando pela TV o desfecho de mais um conclave. A fumaça branca já havia saído da chaminé da Capela Sistina e, dali a pouco, o novo Papa apareceria no balcão do Palácio Apostólico. Já era noite e pretendíamos dar a notícia no impresso do dia seguinte. De repente, anunciam o eleito, um brasileiro. O nome do cardeal escolhido é Alberto Barzini, de 71 anos, natural de… Putinga, uma pequena cidade do interior do Sul do Brasil. A partir daquele momento, ele seria chamado de Papa João 24. O mais curioso-hilário-nonsense é que o novo pontífice, na verdade, era o apresentador Silvio Santos. Na hora em que reconheci, em choque, as fuças do judeu Senor Abravanel – sim, ele mesmo, o Homem do Baú – um galo totalmente desprovido de espírito eclesiástico cantou alto e me acordou.
Abri os olhos perplexo e rindo muito da “mistura”. Comecei a me perguntar de onde vinham todos aqueles elementos que acabaram construindo algo tão absurdo. Como dizem os esquartejadores, vamos por partes:
– A ideia de um conclave provavelmente brotou de uma notícia que li na internet dias antes, sobre o aniversário de oito anos do pontificado de Francisco. Tanto na eleição do Papa atual, em 2013, quanto na do anterior, Bento 16, em 2005, eu trabalhava no Jornal Ibiá e, de fato, aguardamos as escolhas com vivo e especial interesse.
– O nome do cardeal eleito, suspeito, é fruto da mistura do segundo nome do meu pai, Alberto, com o sobrenome de um personagem do filme O Poderoso Chefão, Emílio Barzini, chefe de uma poderosa “famiglia” da máfia americana. Eu assisti ao clássico de Francis Ford Coppola mais uma vez há poucos dias e o nome do criminoso deve ter se escondido atrás de alguma árvore no meu cérebro.
– Quanto a Silvio Santos, eu o vi no próprio domingo, enquanto zapeava pela TV aberta em busca de algo para assistir.
Ok, mas e Putinga? E João 24? De onde surgiram? Até sei que o município existe e que foi colonizado por imigrantes italianos. Também já li a respeito do Papa João 23, em quem certamente o pontífice do meu sonho se inspirou para escolher seu nome, mas faz muito tempo e recordo quase nada.
Não acredito que se possa extrair algo coerente dos sonhos sonhados de olhos fechados. De qualquer forma, vou jogar o número 24 no Bicho. Pesquisei no Google e descobri que se trata do número do veado. Vai que seja uma dica para ficar rico. E, pensando bem, talvez esteja na hora de conhecer Putinga. Alguém topa a indiada?