Matar por simples prazer

Desde que o mundo existe, o homem se alimenta dos animais. Dos primitivos mamutes aos frutos do mar que encontramos em restaurantes especializados hoje, tudo que corre, voa, nada ou se arrasta já serviu de alimento para alguém. Cleópatra, por exemplo, adorava comer pombos recheados; Saddam Hussein lambia os beiços quando tinha peixe grelhado no almoço e Muammar Kadhafi salivada diante de um naco de camelo assado com cuscuz. Getúlio Vargas, enquanto residiu no Catete, não passava mais de dois dias sem um bom pedaço de filé levado aqui dos Pampas.

Também não é surpresa para ninguém que o preparo desses alimentos, inicialmente temperados apenas com sal e essências de algumas plantas, transformou o primitivo hábito de comer em uma festa. Os bons cozinheiros passaram a ganhar muto dinheiro para dar sabor a bichos como veados, cobras, ovelhas e jacarés. Na Ásia, nem cães e gatos e – Deus me livre – morcegos, sapos, aranhas e escorpiões escapam das panelas. Pelo menos não quando já estão mortos. E nem sempre estão.
Na Idade Média, em alguns salões da nobreza, os chefs chegaram a inventar um prato bizarro. Com linha e agulha, costuravam a parte dianteira de um leitão recém-nascido com a metade traseira de uma galinha jovem. O “mutante” era servido numa bandeja cercado por frutos. Certamente existem outras “combinações criativas”, mas me falta estômago para discorrer a respeito.

O fato é que a necessidade ancestral de prover alimento para as tribos desenvolveu nas comunidades a formação de bons caçadores. Inicialmente com porretes, mais tarde com flechas e, agora, com balas, matar evoluiu do estágio em que era uma simples questão de sobrevivência para um esporte. Já não é preciso ir para o mato atrás de um javali para comer carne. Evoluímos e o abate dos animais, em muitos casos, ocorre com métodos que mitigam o sofrimento.

Muitos, porém, continuam matando por diversão. É o caso da sulafricana Merelize Van Der Merwe, de 32 anos. Ela pediu como presente de Dia dos Namorados – que no resto do mundo é festejado em 14 de fevereiro – a chance de matar uma girafa e guardar seu coração. O namorado idiota pagou o equivalente a R$ 11 mil para satisfazer o capricho da moça. A “pescoçuda” morta tinha 17 anos. Depois de abatê-la, Merelize posou junto ao corpo. Em outra imagem, aparece segurando o enorme coração de sua presa.

A história gerou indignação entre ativistas defensores dos direitos dos animais, que definiram Merelize como uma pessoa “cruel e sociopata”. A caçadora respondeu e disse, em entrevista ao The Mirror, que seus críticos são membros de uma “máfia” e que “não tem respeito por eles”. Disposta a fazer um tapete com a pele da girafa morta, ainda afirmou que matar animais dá a chance de “novas espécies” surgirem e ocuparem o espaço da anterior. CALA A BOCA, MAGDA!!!!!!

Me perdoem aqueles que pensam diferente, mas nunca serei favorável à caça, ainda mais de bichos que estão sob risco de extinção. Não estou falando de animais que se tornaram pragas e precisam ser eliminados, em parte, para garantir o equilíbrio ambiental. Refiro-me às espécies que correm o perigo de desaparecer justamente porque foram abatidas de forma maldosa e indiscriminada. Quem faz isso pelo prazer ou pela adrenalina deveria ser considerado um criminoso. Acredito mesmo que o ser humano que se alegra com a morte, ainda que seja de um bicho, precisa de ajuda.

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