Que pena deve ser aplicada a um sujeito que manda asfixiar a amante, com quem tem um filho pequeno, e, depois de desmembrar o corpo, dá a “carne” para os cães? Os mais exaltados pedirão a pena de morte. Outros, que verdadeiramente valorizam a vida, dirão que, no mínimo, este assassino deve ficar na prisão pelo resto de sua existência. Infelizmente, no Brasil, a legislação é tão flácida que um criminoso desse quilate permanece na cadeia menos de dez anos e, logo depois, ganha o direito de retomar a profissão e – vejam só! – almejar a posição de ÍDOLO do esporte.
Estamos falando do goleiro Bruno Fernandes de Souza, de 35 anos, condenado pela Justiça por arquitetar e participar da execução da jovem Eliza Samúdio, em julho de 2010. Na época, ele era uma das estrelas do time de futebol do Flamengo e, embora casado, teve um envolvimento amoroso com a vítima, do qual resultou o nascimento de um menino. Quando o guri veio à luz, Eliza foi atrás do “pai” com o objetivo de cobrar a pensão alimentícia.
Bruno já era rico, mas também egoísta e mesquinho. Com a ajuda de amigos, encontrou no assassinato um drible para se livrar da marcação da jovem. No julgamento, a defesa do réu a apresentou como uma “Maria Chuteira”, termo que pejorativamente muitos usam para descrever mulheres arrivistas, que “seduzem” os atletas com o objetivo de “depená-los” depois. Coitadinhos! Manobra típica para desconstruir a imagem da vítima que, infelizmente, acabou funcionando. Bruno foi sentenciado a 22 anos e três meses de prisão, mas ficou confinado somente até 2017, quando “evoluiu” para o regime semiaberto.
Nesta nova condição, o guarda-metas decidiu voltar aos gramados. As primeiras tentativas foram no Boa Esporte, pelo qual disputou cinco jogos em 2017; e no Poços de Caldas (um amistoso). Bruno, porém, voltou para o xilindró num “pênalti”: foi flagrado num bar, bebendo e cercado por mulheres. Contudo, retornou ao semiaberto em julho de 2019. Depois disso, duas novas tentativas ocorreram: no Fluminense de Feira de Santana (Bahia) e, por último, no Operário (Mato Grosso). Apesar do interesse das direções, as negociações foram suspensas por causa da pressão dos patrocinadores e das torcidas, que marcaram um golaço. Ainda bem!
Permitir que um assassino condenado retome a vida em sociedade tão pouco tempo depois de seu crime é um tapa na face de cada brasileiro cumpridor das leis. É um soco no estômago de milhões de mulheres que lutam em tempo integral por um país mais justo com suas mães e filhas. É uma aberração que um elemento deste tipo, capaz de matar e tratar seus cães com o corpo da vítima, tenha o direito de disputar uma vaga de ídolo no coração de qualquer torcida. E é, sobretudo, um sinal a milhões de homens que maltratam suas companheiras, esposas ou namoradas de que podem continuar agindo assim porque NÃO DÁ NADA.
Esta semana, o ministro da Cidadania, Osmar Terra, comentou o assunto nas redes sociais. “Como reduzir a violência se, num crime brutal cometido por um psicopata como esse goleiro Bruno, a pena é tão leve e ele ainda ganha notoriedade?”, questionou. A resposta está na mudança das leis. Use a sua força, ministro, e honre os votos dos gaúchos transformando esse tema em uma de suas bandeiras.
E quanto aos cartolas do futebol que admitem abrir seus vestiários para Bruno e outros homicidas, precisam ser varridos do Esporte. Falta-lhes algo indispensável a qualquer um que deseja ser líder: valor. Um assassino não pode ser uma inspiração para nossos filhos. Jamais!