Esperando pelos ricos

Em todo o Ocidente e em muitos países da Ásia e da África, estamos vivendo o fim de semana da Páscoa. Originalmente, a festa celebrava o Êxodo, a saída dos judeus do Egito após vários séculos de escravidão. Com a ascensão do Cristianismo, ela passou a reverenciar o sacrifício do filho de Deus, que morreu na cruz para “tirar os pecados do mundo” e, no terceiro dia, ressuscitou dos mortos. Tanto numa quanto na outra, a comemoração é de vitória, de conquista, de vida nova. Acreditemos ou não na existência de Jesus, o simbolismo da data é um sopro de esperança nos momentos de dor e sofrimento, especialmente agora, quando a pandemia de coronavírus joga uma névoa de incertezas sobre a vida de muita gente.
Já manifestei algumas vezes, aqui neste espaço, que sou uma pessoa otimista, sempre disposto a encontrar o lado bom de cada situação. E não é diferente agora. Os noticiários dos jornais, da TV e da internet estão cheios de histórias inspiradoras sobre gente simples e humilde que está tornando esse momento mais leve para milhares de brasileiros. Dos jovens voluntários, que vão ao supermercado e às farmácias para os idosos, aos grandes empresários, que mudam suas linhas de produção para fabricar respiradores e EPIs, há uma verdadeira corrente do bem em movimento. Nas redes sociais, inclusive, vários grupos se articulam para arrecadar alimentos e socorrer os mais necessitados.
É importante lembrar que muitos destes benfeitores também estão passando por dificuldades, como cortes na jornada de trabalho, redução de salários e até mesmo perda dos empregos. Mesmo assim, tiram uma parcela do pouco que têm para amenizar o sofrimento dos que possuem menos ainda. “Pobre ajuda pobre”, lembrou-me uma amiga esta semana, depois que lhe entreguei alguns quilos de alimentos para serem doados. De fato, parece que realmente existe mais solidariedade entre a “plebe” e não é difícil compreender isso. Às vezes, é preciso viver as limitações para saber que até a menor ajuda, como uma caixa de leite ou um saco de arroz, são a diferença entre se alimentar ou dormir com a barriga doendo de fome.
Natural que, neste momento, a população esteja cobrando um apoio maior dos ricos brasileiros no socorro aos mais necessitados. Cantores famosos, atletas milionários, estrelas de TV e youtubers de sucesso tiveram suas carreiras vitaminadas e as contas bancárias infladas graças aos fãs, muitos deles de baixa renda. É justo esperar que estejam ao seu lado nesse momento de aperto. Verdade que alguns já estão colaborando, mas a maioria ainda não se “coçou”.
Esta Semana Santa é diferente de todas as demais. Aos que estão presos em suas casas para evitar a disseminação do coronavírus, é uma oportunidade de refletir sobre o quanto podemos ajudar ao próximo, mesmo nessas circunstâncias. Para os que estão nas ruas, trabalhando em atividades essenciais e nos serviços de saúde, é uma nova e diferenciada chance de fazer o bem, de transformar a palavra em ação. Talvez muitos nem saibam disso, mas Jesus Cristo, em sua passagem pela terra, pregou exatamente a solidariedade e o perdão com remédios para os males do mundo. Não importa se você acredita ou não, mas fazer o bem pode ser melhor para quem socorre do que para aqueles que são socorridos. Que tal experimentar?
Feliz Páscoa!

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