– Bom dia. Eu gostaria de ver uma calça!
– Desculpa, mas não trabalhamos com tamanhos plus size.
– Oi. Estou procurando um carro!
– A sessão de usados é do outro lado, senhor.
– E aí. Me vê um cachorro-quente sem ervilhas.
– Não tiramos nenhum ingrediente. O senhor mesmo pode fazer isso se quiser.
Seja honesto: você também tem histórias deste tipo para contar. E provavelmente até desistiu de fazer algum negócio porque foi mal atendido nas lojas e nos prestadores de serviços. Acontece aqui e nos shoppings das grandes cidades. Vendedores preconceituosos e despreparados estão por toda parte.
Há poucos dias, um amigo me relatou uma situação insólita que viveu numa concessionária de veículos. Agricultor, ele havia acabado de receber o dinheiro da sua safra de citros e, motivado pela esposa, decidiu trocar de carro. O da família era antigo, tinha quilometragem alta e regularmente passava alguns dias na oficina. Estas idas ao “SPA” custavam caro e a mulher – que sabe fazer contas melhor que ele – sugeriu que o certo era investir num zero.
Sexta-feira da semana passada, meu amigo voltou da roça mais cedo, passou no banco para sacar uma boa quantia, colocou tudo numa mochila velha e foi até uma revenda. Já tinha decidido o modelo e sabia mais ou menos o preço. Ocorre que o rapaz não é de muita frescura: vestiu camiseta e bermuda e calçou uma sandália de couro. Quando chegou na empresa, animado com a compra, foi atendido por uma funcionária muito simpática que, porém, olhou para ele de cima para baixo e deve ter concluído que ele não tinha onde cair morto.
O relato do agricultor é impressionante: “Eu disse que queria um carro novo, mas ela pareceu não acreditar. Perguntou se eu tinha um veículo para colocar na troca e, quando eu apontei o ‘possante’ na rua, ela deu uma risadinha. Daí me levou até o modelo que eu pedi. Perguntei o preço à vista, mas não respondeu. Ela começou a dizer que podia parcelar, fazer financiamento em 60 meses e que a prestação ficava baratinha. Pensei em ir embora, mas como aquele era o carro que eu queria, na cor que a mulher pediu, eu cortei a conversa. Mostrei o dinheiro e disse que ficava com ele pelo preço que anunciaram no Ibiá se aceitassem o outro no negócio. Achei que ela ia desmaiar. Até cafezinho me ofereceu”.
Neste caso, a empresa não teve prejuízo, mas é certo que muitos negócios se perdem pela total falta de preparo dos vendedores. Quem não tem perfil para a área não deveria se aventurar nela. E as empresas – pelo amor de Deus – precisam investir mais em treinamento. Puxe na memória quantas vezes você já foi considerado pobre demais, baixo demais, gordo demais… Ou quantas vezes, numa lancheria ou restaurante, o garçom ou o atendente só faltaram morder na hora em que você fez algum questionamento. Um cliente insatisfeito não volta!
Infelizmente, a chance de viver situações assim tende a crescer, por conta da queda na qualidade do ensino e da falta de educação em casa. Muitos já não sabem dizer “Bom dia”, quanto mais sorrir quando se deparam com uma oportunidade de ganhar dinheiro. É uma pena. Nossa cidade tem um comércio diversificado, bons preços e produtos de qualidade. Mas se a pessoa que vende, que está na linha de frente, não sabe tratar bem o consumidor, nada disso ajuda. A solução é ser fiel aos comerciantes que valorizam o nosso dinheiro e que, felizmente, ainda são a maioria.