No dia 01/09/2017, compartilhei, nesta coluna, um texto intitulado “O Buraco”. Hoje, quero resgatá-lo e trazer uma breve reflexão sobre o mesmo.
Capítulo 1 – Ando pela rua. Há um buraco fundo na calçada. Eu caio. Estou perdido… Sem esperança. Não é culpa minha. Leva uma eternidade para encontrar a saída.
Capítulo 2 – Ando pela mesma rua. Há um buraco fundo na calçada. Finjo não vê-lo. Não posso acreditar que estou no mesmo lugar. Não é culpa minha. Ainda assim, leva um tempão para sair.
Capítulo 3 – Ando pela mesma rua. Há um buraco fundo na calçada. Vejo que ele está ali. Ainda assim eu caio… É um hábito. Meus olhos se abrem. Sei onde estou. É minha culpa. Saio imediatamente.
Capítulo 4 – Ando pela mesma rua. Há um buraco fundo na calçada. Dou a volta.
Capítulo 5 – Ando por outra rua.
Do texto, destaco três pontos:
O primeiro, sobre o que está dado e, portanto, não está sob nossa gerência. No texto, aparece representado pelo buraco. O segundo ponto é aquilo que está sob nosso domínio e que, de fato, podemos interferir e transformar. No texto, representado por atitudes e tomadas de decisão a partir do alcance da nossa consciência. O terceiro ponto se refere ao longo caminho que existe “entre” os dois primeiros. E este espaço fala do próprio “fazer-se humano”.
Logo, este terceiro ponto leva ao conhecimento. Da realidade externa e de si. Diferenciá-las seria um primeiro passo porque, sem consciência, não se produz humanidade.
A mitologia grega sugere que tudo se origina do caos. Ele carrega, em si, o princípio de tudo:o arquetípico. Arquétipos seriam as experiências comuns a todos os seres, ou seja, padrões originais. Se o caos é o princípio que contém todas as experiências, neletambémestá contida a força necessária para uma ordem da consciência criativa.Consciência criativa, que na mitologia grega, é representada pelos deuses.
Mas nosso descuido e indiferença, por este caminhar da vida e pela vida, nos colocam frente a frente às doenças da alma. Vazio, angústia, perda de significado e desilusão, são algumas sensações deixadas por uma alma negligenciada.
Sem alma, nos resta a rigidez que procede do racional, do idealismo e do excludente. A um espírito desprovido de alma (sua porção humana) nada mais resta, senão a angustiante tarefa de seguir sua ilusão, mesmo que trilhe por novos caminhos.
Então, encerro este reflexão com as sábias palavras do velho, mas sempre atual Carl Gustav Jung: Não somos aquilo que nos acontece. Somos o que escolhemos nos tornar.
Paz e bem.