Dando sequência aos últimos textos publicados neste espaço, sigo a reflexão sobre a linhagemnão divina do ser humano. Criado pelas mãos de Prometeu, o Humano tem sua origem titânica, mas carrega uma centelha divina. Centelha esta, roubada por Prometeu para dar vida à sua criação.
Os deuses mitológicos (símbolos da consciência) inauguram a era da ordem em um mundo que, até então, era dominado pelos titãs (símbolos das forças da natureza e do inconsciente). Logo, ao carregar a centelha dos deuses, o Humano carregaria em si(no seu inconsciente) uma propensão ao sagrado. Portanto, não se trata de uma instância natural. Ela precisa ser alcançada.
O espírito (consciência) trata das coisas elevadas: a ordem sobre o caos, a evolução, o bem comum. Em outras palavras, somentea busca e o trabalho destas “coisas do espírito” é que desenvolve no Humano a consciência do sagrado.
Não será o ato de passar o dia repetindo orações que tornará um papagaio sagrado.
Porém, quando o Humano carrega seus atos de sentido, da leitura de um bom livro, consegue tirar inspiração e boas ideias para melhorar a sua vida e a daqueles que o cercam. Quando se aprofunda no estudo da História, tem o poder de aprender e ensinar sobre como não se repetir os mesmos erros crassos do passado. Quando tem a capacidade de rever suas atitudes egoístas, esta mudança produz bons resultados para si e para o bem comum.Quando o Humano deixa de desejar ardentemente ser o centro do mundo, automaticamente, já está contribuindo em favor de uma sociedade mais justa e igualitária.
Esta é a centelha dos deuses em sua forma manifesta. Mas também é o infortúnio ao qual o Humano foi sujeitado: o trabalho. Trabalhar para ampliar a consciência de si e do mundo. A atitude de juntar um simples papel caído no chão (aquele que não tenha sido você que jogou lá…),só encontra sentido quando “animado” por esta condição de tarefa espiritualizada, carrega sentido.
Atitudes que causam danos a si e à sociedade, ou ferem os sentimentos de alguém, confirmam a natureza não espiritualizada (titânica) que habita o psiquismo humano. Por outro lado, quando há dignidade de se reconhecer um erro, e atitude para, a partir dele, transformar a si e o mundo ao redor, a centelha sagrada dos deuses que habita a consciência de cada ser tona-se visível. É na atitude espiritualizada que o Humano encontra e dá sentido ao viver.
Paz e bem!