Dizem que as partidas naturais são mais fáceis. Não sei. Tenho lá minhas dúvidas. Minha única certeza é que cada um interage com os sentimentos à sua maneira.
Os filhos que saem de casa. Aposentadoria, formatura, a idade. Uma doença grave que nos põe cara a cara com a finitude. Tudo lembra que, a todo instante, estamos mais distantes do que marcou um início para nos aproximar do que simboliza um fim.
Logo, o modo como percebemos os “finais” refletirá sobre as nossas despedidas. Se tristes ou felizes, pela força da história vivida; se afogadas em dor ou “atravessadas”; se mal explicadas ou sem nenhuma explicação.Todas, sem exceção, exigem movimento. Mesmo que cristalizadas no passado, pedem uma ação de quem, de alguma forma, precisa seguir seu caminho.
Toda partida sugere uma troca equivalente. Portanto, para que uma história siga seu curso, o valor exigido sempre será alto: abrir mão do que acreditamos possuir. O mercado da vida não troca uma latinha enferrujada por um pote de ouro.
A dor apenas reforça a dura verdade de que os dilemas existenciais não aceitam terceirização. É preciso vivê-los. O apego, uma janela pela qual se pode avistar um ego que não suporta a ideia de “perder”.
Temporária ou definitiva, toda despedida abre espaço para um novo começo. Só exige que continuemos a caminhar.
Foi justamente “Sobre caminhar” o título da minha primeira coluna no caderno Vida Saudável, aqui no Jornal Ibiá, no dia 03/02/2017. Um momento que me causou receio. Afinal, como partilhar espaço com excelentes escritores, como Patrícia Franz, Magnus Pilger, Pedro Stiehl, Oscar Bessi, Gerson Kauer e Márcio Reinheimer – sem nunca ter escrito uma crônica sequer? Sabia que minha pergunta só seria respondida durante o “percurso”. Precisava sair do meu conforto e aprender a caminhar por este novo caminho.
Muitos destes que citei já se despediram deste jornal. Hoje, chegou a minha vez. Durante os últimos três anos, foram 97 crônicas. Cada uma, de certa forma, uma despedia.
É hora de encarar outros desafios, de aprofundar os estudos em Psicologia. Afinal, o caminho é longo e nunca estamos prontos. E jamais saberemos quando ou qual será a próxima despedida.
Obrigado!! Ao Ibiá, pelo espaço! À Cássia Oliveira, pelo duplo desafio: encarar meu medo de escrever e a enfrentá-lo semanalmente! À esposa Gisele, minha sempre solícita “revisora”! Um agradecimento todo especial para quem abriu mão do seu tempo para ler meus “pensamentos em forma de rascunho” (sempre são!).
Até…
Paz e bem!