Era uma tarde gelada, mês de junho, final da década de 80. Uma das lições mais marcantes da minha vida estava por acontecer.
Uma sala, no antigo seminário de Pareci Velho, acomodava algumas dezenas de jovens para uma palestra. O tema era “O jovem em busca de Líderes”. Um ponto essencial para ser abordado quando se chega à adolescência. Depois, é sempre mais difícil.
A adolescência inaugura um novo período de descobertas. Um mundo que oferece algo fantástico: a possibilidade de escolha. É neste momento que os heróis imaginários da infância perdem espaço e que as referências externas chegam com força total.
Óbvio que muitos encontram boas referências, mas a história nem sempre tem final feliz.
E qual o aprendizado que ficou daquela palestra? Que o mundo está cheio de líderes e de ídolos e que, em algum momento, vai ser preciso diferenciá-los.
Pensei muito sobre o que escutei naquelas mais de três horas de reflexão sobre ídolos e líderes. Em especial, sobre os benefícios e os “estragos” que cada um pode produzir, sobretudo, na mente e na vida de jovens que estão buscando por identificação.
Três décadas se passaram e hoje percebo nitidamente as consequências nefastasda falta desta diferenciação na sociedade. A produção de ídolos ainda (e me parece que cada vez mais) serve como meio de arrebanhar o “gado” como massa de manobra.
Penso que aindaénecessário discutir de forma intensa sobre esta questão. Sem diferenciá-los, não será possível construir uma sociedade melhor. O circuito vicioso da idolatria, alimentado pela alienação, imbeciliza e impede o desenvolvimento humano. Então, todos perdem.
Não há nada mais natural do que ter seus ídolos e líderes. No entanto, há um contexto para cada um deles.Naturalmente, também se espera uma percepção crítica sobre a intenção e atitudes de cada um. De forma muito sucinta, podemos diferenciá-los:
O líder vai lhe acompanhar por um período, depois não se fará mais necessário; o ídolo fará você acreditar que precisa dele. Oprimeiro aponta caminhos; osegundose oferece como “solução”. Um, busca o bem comum; o outro, apenas seusinteresses.Aquele, quer que você tenha seus próprios pensamentos; este, não admite ser questionado. O líder desenvolveu sabedoria; o ídolo necessita de um mentor (mago, bruxo, pseudointelectual).
Qual deles você segue? A reflexão consciente sobre a resposta desta questão pode ser libertadora. Com um mínimo de disposição tudo pode se tornar aprendizado.
Paz e bem!