Uma noite de inverno.Depois de um dia extremamente cansativo, a família apaga as luzes da casa. Os corpos cansados não demoram muito para cair em um sono profundo. Um misto de choro e grito faz com que os pais saltem da cama. Ainda cansados, conferem o relógio. Apenas quarenta minutos se passaram. No outro quarto, o choro da filha de dois anos faz que levantem apressados. Uma febre altíssima.Prontamente, todos seguem para o hospital.
Uma tarde de Verão e a vida segue seu curso, no abafado centro da cidade. Um homem entra cambaleando na loja da esquina. A vendedora percebe e tenta ajudar. A situação chama a atenção de mais algumas pessoas que logo se aglomeram.O homem mantém a mão sobre o peito e é evidente sua insuportável dor. Uma enfermeira percebe a gravidade da situação e aciona o socorro.
Na praia lotada, um menino que aparenta ter dois ou três anos de idade chora. Em uma das mãos, segura uma pazinha de areia. A outra, aponta para o alto, como se sua única ajuda pudesse vir do alto. A moça que passa correndo pela criança para sua corrida. Mais algumas pessoas percebem.Todos se unem na tentativa de descobrir o paradeiro dos pais da criança perdida.
No hospital, a porta entreaberta do quarto revela um paciente em estado grave. A filha da paciente do quarto da frente revela que ele está ali há mais de dois meses. Não sabe qual doença o faz sofrer, mas acredita ser um daqueles “casos sem volta”. Ela não deixa de perceber o cuidado especial dedicado pela equipe de médicos e enfermeiros àquela pessoa. Dizem que, apesar do quadro, o paciente passa a todos uma misteriosa esperança.
Hora de a adolescente sair, pela primeira vez, à noite com sua turma de amigas. “Mil” recomendações: “Cuidado com isto! ” “Cuida com aquilo! ” “Presta atenção! ” “Qualquer coisa nos liga! ” “À meia noite, estaremos te esperando lá na frente! ”. “Tchau! Boa festa! ” “Ah… E… te cuida! ”.
A psicóloga escuta atentamente a história da paciente, como se fosse a primeira vez. No entanto, mais de um ano se passou e a história retorna, insistentemente, carregada de dor. Não há julgamento ou necessidade de “resolver” ou “curar” a questão. Apenas acolhida à dor da mãe que perdeu seu filho mais novo no trágico acidente de transito.
Diante da doença, da dor, do desespero, frente ao inevitável, da angústia pelo novo, do luto, e de tantas outras situações e sentimentos tão humanos, a vida só exige uma coisa: o cuidado.
Basta um pouco de afeto e um olhar atento ao redor…
Paz e bem!