Ao mestre esquecido

Hoje eu quero te pedir desculpas!
Não foste meu melhor professor. No entanto, longe de ser o pior. Fizeste um bom trabalho, eu reconheço.
Nunca foste citado nas rodinhas de conversa que lembravam dos melhores professores. Contudo, jamais foste mencionado entre os piores também.
Não foste o mais querido. Ninguém te esperou para um abraço ao final da aula. Nunca recebeste uma flor. Um bilhetinho sequer.
Aquele convite para ser paraninfo da turma? Nem pensar! Sequer foste escolhido para ser o professor homenageado.
Sei que dedicaste teu tempo preparando aulas, aplicando provas, cobrando temas e trabalhos. Que aceleraste conteúdo. Que não pensaste “duas vezes”, antes de dar aquela “seguradinha”, para não deixar ninguém para trás. Que pediste atenção e nem sempre foste respeitado.
Peço desculpas por nem lembrar teu nome. Mas, reconheço,foste um dos tantos anônimos de real importância. Nem todos têm o dom para ensinar. Dedicação e esforço nunca te faltaram.
Jamais descobri se tinhas uma boa condição para desempenhar teu trabalho. Talvez, tiveste noites mal dormidas, problemas financeiros, a saúde não ia bem. Nunca soube se tiveste filhos. Se ficaste com o coração na mão por deixá-los em um lugar qualquer. Se chegaste a lecionar em escolas melhores, se tiveste uma remuneração digna e boas condições de trabalho.
Não foste herói. No fundo, sei que nem tiveste esta intenção. Sempre foste uma pessoa normal, como a maioria. Aquele alguém que passa despercebido, mas que faz sua parte e cumpre sua missão.
Meu pedido de desculpas é pelos trabalhos que entreguei de “qualquer jeito”. Pelas provas que não estudei. Pelas aulas “matadas”, também. Pela raiva que senti durante tuas “lições de moral”. Disto tudo, não tiveste culpa.
Desculpe por sentir tédio, durante aquelas aulas “paradas”. Justamente, nestes dias, me deste os conselhos mais importantes que já recebi.
Hoje, percebo que a vida ensinou que nem tudo é alegria. Nada mais vem “pronto”, nem te tenho aqui para me ajudar. Agora sei das dificuldades e esforços para manter as coisas “dentro da normalidade”. Chego a agradecer pelos dias “normais”. Na verdade, iguais aos das tuas aulas, que mesmo parecendo chatas – agora reconheço, nunca foram ruins.
Além das desculpas, quero te dar parabéns. Hoje é teu dia, professor! Teu e de tantos outros milhares. Se hoje ninguém lembrar de ti, segue em frente, como sempre fizeste. Alguém SEMPRE estará se inspirando em ti!
Ass.: o aluno quietinho do canto da sala.
Paz e bem!

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