Tristeza alheia

Quem aqui já presenciou uma situação embaraçosa de outra pessoa e sentiu vergonha com ela ou, muitas vezes, no lugar dela? É a chamada vergonha alheia. Esse fenômeno faz com que você pense mais ou menos o seguinte: Que mico! Eu no lugar dela me esconderia debaixo da mesa! A ciência vem mostrando que os responsáveis por isso são os neurônios-espelho, células especializadas em copiar, seja movimentos ou emoções. É como se pudéssemos nos colocar na mesma situação da outra pessoa para, assim, sentirmos o que ela provavelmente está sentindo. Talvez isso sirva para aprendermos com a vivência das pessoas ao nosso redor e não apenas com nossas próprias experiências.

Falando em experiências alheias, não posso deixar de lembrar os casos de violência dos quais alguns conhecidos foram vítimas. Nessas situações, costumo ficar pensando no que passa na cabeça das vítimas, expostas à vontade dos criminosos. Quais sentimentos se apoderam delas? Medo? Tristeza? Angústia? Desamparo? Vingança? Seja o que for, na maioria dos relatos, a perda da tranquilidade após o acontecimento aparece sempre. Vítimas de um assalto, por exemplo, passam a temer que tal episódio volte a ocorrer, o que resulta num medo constante e esse medo ocupará o lugar onde antes habitava a tranquilidade.

Segurança pública é um assunto complicado, amplo, que merece a devida atenção na hora de debatê-lo para não nos acomodarmos em soluções simplistas, elaboradas por inteligências simplistas. Mesmo assim, cabe uma reflexão imediata de como podemos evitar que tais crimes sejam concretizados. A troca constante de informações entre a vizinhança sobre movimentações suspeitas pode ser uma alternativa. Certamente a Brigada, consciente de suas limitações que não permitem estar em todos os lugares, tem algumas sugestões de como o cidadão comum pode auxiliá-los, e mesmo auxiliar a si próprio, de modo a, se não evitar, ao menos diminuir as chances de crimes virarem realidade.

Não devemos esperar sermos as próximas vítimas para só, aí, movidos pelo medo, agirmos para evitar crimes futuros. O que não falta são casos de violência sofridos por pessoas do nosso círculo de convivência. Cabe a todos botar os seus neurônios-espelho pra funcionar; sentir o que essas pessoas sentiram e trabalhar para que o mesmo não se repita com outras, ou com nós mesmos. Se a vergonha alheia nos faz ter vontade de nos esconder, que a tristeza alheia nos seja motivação para agir.

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