Parques pra que te quero

Ao receberem a visita de amigos ou parentes que nunca estiveram na casa, algumas pessoas têm o costume de conduzir os visitantes por um tour doméstico. “Aqui é a sala”, “aqui o quarto da fulana”, “ali é o banheiro, se precisar” e assim vão mostrando onde vivem. Se os visitantes são realmente de longe, e nem sequer conhecem a cidade, a rota turística pode se estender para além do lar. Praças e parques são os destinos óbvios para dar uma boa impressão do município. Recentemente, um montenegrino comentou sobre o impasse do seu filho, que recebeu uma amiga de outro estado e não sabia ao certo onde levá-la. O Parque Centenário, com claros sinais de abandono, não era uma opção. Não bastasse isso, nos últimos dias aconteceram furtos e atos de vandalismo. Nada é tão ruim que não possa piorar.
Volto a falar sobre a Teoria das Janelas Quebradas, onde se defende que se, por exemplo, uma vidraça for quebrada e não for concertada, logo irão quebrar as outras, e depois pichar, invadir, roubar e assim vai. Locais com sinais de desordem incentivam atitudes que provocam ainda mais desordem. Num ambiente com lixo no chão, as pessoas não se sentem obrigadas a procurar uma lixeira. Imaginem um parque inteiro que vem sendo depredado há meses.
Fazendo uma comparação entre parques municipais, quero falar sobre o da Feliz. Só após usar o banheiro (que por sinal estava limpo, iluminado e com papel higiênico) foi que notei uma mensagem pintada acima dos mictórios. Era mais ou menos assim: Obrigado por manter a limpeza e organização desse local. Eles estavam me agradecendo por algo que nem tinham certeza de que eu faria. Fiquei ao mesmo tempo feliz pelo agradecimento e preocupado em não decepcionar o autor daquela mensagem. Por isso, voltei pra conferir se não precisava de uma segunda descarga. Naquele parque, a organização vai além dos sanitários. Tudo arrumado, inteiro e limpo; e não apenas por alguma ocasião específica, pois os canteiros de flores bem cuidados revelam que o capricho é uma constante.
Talvez nunca cheguemos a ter um espaço público igual ao dos felizenses, mas podemos ter um Parque Centenário melhor do que o atual. Voltar a ser um local frequentado pelos montenegrinos que querem aproveitar sem destruir. Esses cidadãos migraram para a Estação da Cultura, atualmente com melhor estrutura, e que pode ser considerada uma alternativa para mostrar aos turistas na esperança de causar uma boa impressão. Por enquanto.

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