Se pensa que é sobre a série Game of Thrones, errou. Até porque, lá, o inverno já chegou (entendedores entenderão). Aqui, no mundo real, o inverno começa a dar as caras. Esse período de transição, tradicionalmente chamado de outono, não passa de uma prévia do que nos espera. A estação das folhas secas faz o papel de mensageiro, dando pequenas amostras, dia ou outro, do que está por vir.
Sabemos que o inverno está chegando quando notamos uma corrente migratória de vendedores de pinhão ou lenha rachada. Eles fixam território às margens de nossas rodovias, com o único propósito de manter relações comerciais, visando gerar lucros. Só voltarão para seus locais de origem na primavera, com os bolsos já bem gordinhos.
Sabemos que o inverno está chegando quando as roupas começam a diminuir no roupeiro. Os dias úmidos, muitos com garoa constante, conhecidos como “inverneiras”, têm como efeito colateral a impossibilidade das roupas secarem no varal. Isso produz uma espécie de engarrafamento de roupa suja. Até a toalha de banho fica com aquele cheiro característico de cachorro molhado, já que nem ela conseguiu secar desde o último banho.
Sabemos que o inverno está chegando, quando já faz alguns dias que não temos notícias do controle remoto do ar condicionado. Não é quente o bastante pra esfriar o cômodo, nem frio ainda para aquecer.
Sabemos que o inverno está chegando, quando começamos a usar meias até em casa. Conforme vai se agravando, a segunda etapa é achar as pantufas. Com as noites mais frias, passamos a considerar a retomada do uso de casacos, mas, ao pegá-los, vemos que deveriam primeiro passar algumas horas no sol, para tirar aquele cheiro de quem estava guardado desde o começo da última primavera. Mas com que sol?
Sabemos que o inverno está chegando, quando sentimos uma leve dor no corpo, talvez uma coceira na garganta ou ainda a sensação de que o nariz tá começando a entupir. É o primeiro resfriado do inverno. Ou seria gripe? Depois pergunto para o Dr. Google. Enfim, os sintomas vão ficando mais fortes e você resolve apelar para a química. Vai até a caixinha de medicamentos, mas o último antitérmico da cartela venceu faz dois meses. É necessário arranjar remédios, chás, mel e, dependendo, até uma vacina.
Sabemos que o inverno está chegando. Gostem dele ou não. Em último caso, lembrem-se das bergamotas.