Fui…

Deveria começar esse texto de maneira sentimental, falando sobre ciclos que encerram, mudanças de objetivos, novos desafios futuros ou coisas do tipo. Mas estou sem paciência hoje, então lá vai: semana que vem, não haverá texto meu nesse espaço. Pronto, falei. Nem na outra; resumindo, pelo menos por alguns (muitos) meses. Qual o motivo? Bem, nem sei direito; é um ciclo que encerra, com mudanças de objetivos e novos desafios; algo nesse sentido.
É inegável que a experiência de escrever semanalmente aqui no jornal foi enriquecedora (no sentido literário, não monetário). Querendo ou não, a reação dos leitores causa certa apreensão. Ainda mais que estamos cada vez com o pavio mais curto em relação àqueles que pensam diferente de nós. Quando se bate o pé defendendo uma opinião, sempre corremos o risco de pisar no calo de alguém.
Há quem diga que o cronista, ao colocar suas ideias no papel, acaba por se expor. Mesmo que ele evite usar a primeira pessoa do singular (eu isso, eu aquilo, eu aquele outro), sempre que defender alguma ideia, isso será consequência direta de suas opiniões, que por sua vez estão entrelaçadas com suas crenças, e aí o autor já virou um livro aberto. Pronto para ser jogado na fogueira, quem sabe.
Mas nem tudo foi espinho nessa caminhada. Recebi elogios por alguns textos (ou pelo conteúdo, ou pela forma) e sei que tem pessoas que leem com regularidade. Se tem algo que não me acostumei até agora é com a situação onde pessoas que mal conheço vêm conversar comigo, me chamando pelo nome, com a desenvoltura de quem fala com alguém de seu convívio semanal. Exemplo: numa festa, o cunhado do meu tio passou cumprimentando ao chegar; na minha vez, disse: – Tu, eu vejo toda semana. Sabe que demorou uns segundos pra cair a ficha. Às vezes, é uma pena que esse tipo de contato seja apenas de mão única. Apesar de tudo, quero agradecer aos três ou quatro leitores que ainda gastam seu tempo lendo as bobagens que escrevo. Digo três ou quatro porque ter meia dúzia de leitores é coisa de cronista mais gabaritado, tipo o Oscar Bessi.
Um dia voltarei a escrever por aqui? Não prometo nada, além, é claro, que essa decisão não depende só de mim. O próprio jornal precisa ter interesse na retomada da parceria. Talvez meu nome ou minha careca apareçam em alguma página futuramente. Só desejo que não nas policiais. Fui…

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