Comida rápida

Dias atrás vi na internet a foto de um ovo cozido, descascado, dentro de uma caixinha plástica onde caberia uma meia dúzia, com uma etiqueta de preço e código de barras. Abaixo da imagem, uma pergunta: O que passa na cabeça dos pais que criam um filho, alimentam, educam, pagam faculdade, pra depois de adulto comprar um ovo cozido no supermercado? Indignação parecida ocorreu entre os gaúchos ao verem bergamota sendo vendida descascada numa bandeja de isopor com filme plástico.
O que essas duas situações têm em comum? Além da politicamente incorreta substituição de suas embalagens naturalmente biodegradáveis, podemos supor que os hábitos alimentares estão sofrendo alterações devido à velocidade em que vivemos. Quanto menos tempo para se fazer uma refeição, mais os alimentos práticos na hora de consumir ganham destaque no cardápio.
Primeiro foram os restaurantes, aprimorados com o sistema de Buffet, dando agilidade para atender ao maior número de pessoas no curto horário de almoço. Nessa mesma onda, os fast-foods também ganharam espaço e já faz tempo que o McDonalds é apenas mais um.
O que chama a atenção é essa pressa ter entrado nos lares, mesmo nos momentos de descanso. Bem mais cômodo pedir um lanche pelo telefone, que em pouco tempo já está na porta de casa. Quem não notou o aumento de motociclistas com aquelas mochilas quadradas enormes?
Outro personagem que tem a função de acelerar o preparo das refeições é o microondas. Primeiro, parecia que apenas servia para aquecer um “sorobô” do almoço, mas a indústria de alimentos não tá pra brincar de casinha. Toda uma linha de alimentos congelados para serem feitos exclusivamente no micro surgiu, com bandeja que distribui melhor o calor e coisas do tipo. Até pipoca se faz no microondas, se quiser. Outros eletro-eletrônicos estão chegando, como a panificadora e a panela elétrica para arroz. Nada de ficar em pé na frente do fogão. O futuro está nas teclas; programe e vá deitar no sofá.
Aqui chegamos nós; vendo os supermercados ofertando produtos para quem não tem tempo – se é que o problema é tempo. Aipim descascado já caiu no gosto dos práticos, assim como o abacaxi, que popularmente tem no ato de descascá-lo um sinônimo de problema. Mas chegar ao extremo de vender bergamota pronta em bandeja, ou mesmo um ovo cozido, já parece exagero. Se continuar assim, vamos futuramente nos alimentar com barras de proteínas sintéticas, tipo “comida de astronauta”; assim nem sentar pra comer vai ser preciso. Acha exagero? As barrinhas de cereais já estão aí.

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