– Querido, vamos escolher nossas fantasias de Carnaval. Algo combinando…
-Já disse que odeio Carnaval.
-Eu sei, por isso passei o feriado do ano passado com você naquele hotel-fazenda lá no calcanhar do Judas. Mas esse ano é a sua vez de me acompanhar.
-Tô morrendo de alegria.
-Boa ideia; você vai de Conde Drácula, com cara de quem caiu do caixão; e que eu vou de cuidadora de idosos.
-Mas qual a relação entre essas fantasias?
-Seremos o casal presidencial.
-Acho que o pessoal não vai entender a mensagem.
-Se pensarem que sou umas décadas mais nova que tu, já estará valendo à pena.
-Engraçadinha. Que tal algo mais na moda, tipo nós dois vestidos de presidiários?
-Meio clichê.
-Mas como você tem diploma de curso superior e eu não, terá direito à prisão especial. Ou seja, passaremos o Carnaval inteiro em blocos separados.
-Até parece que está querendo pular Carnaval sozinho.
-Só um habeas corpus temporário.
-Logo tu, que fica paradão o tempo todo?
-Devo usar uma fantasia de poste, então?
– Não, melhor se fantasiar de água.
-Por quê?
-Pra combinar com a minha fantasia de mosquita da dengue.
-Sem graça. Que tal essa? Vamos de casal Impeachment. Você de Dilma e eu de P…
-Nem pensar! Além de me preocupar com as coxadas, vou ter que evitar o assédio dos coxinhas…
-Pena. Seria tão simples a minha fantasia. Roupa social, uma faixa de prefeito e um capacete de ciclista…
-Vamos fazer o seguinte: eu vou de IPVA e você de posto de pedágio.
-Mas isso não combina.
-Pior. Pelo jeito vamos mesmo de água parada e Aedes Aegypti.
-Aff, que zika…