Seguindo a onda dos meses coloridos (setembro amarelo, outubro rosa e novembro azul), com o objetivo de prevenir algo que prejudica a população (suicídio, câncer de mama ou próstata), poderíamos lançar a campanha do Abril Branco, no intuito de conscientizar as pessoas sobre os malefícios da produção e disseminação de mentiras. A cor branca, além de significar paz no Réveillon, ou higiene no açougue, também representa a verdade. O mês dispensa justificativa, pois o primeiro de abril fala por si.
Assim como os problemas combatidos pelas outras campanhas, a mentira sempre existiu, porém, mudanças no modo de vida fazem com que ela esteja mais frequente em nosso dia a dia. Provavelmente você já ouviu frases do tipo: Fulano viu tal coisa na internet. Normal, se levarmos em consideração o crescente número de pessoas com acesso à internet e redes sociais. Mas voltando à frase do exemplo, pergunto: por que alguém passaria adiante uma informação que outro viu na internet, mas nem sequer citou a fonte específica? Talvez porque o “fulano” é alguém de confiança, logo, o que ele diz deve ser verdade. O fulano, por sua vez, acha que a internet é uma fonte de onde jorram apenas verdades, por isso não há motivos para desconfiar. Mesmo supondo que a notícia chegou ao fulano por intermédio de outro amigo através de rede social, o fulano parte da ideia de que se o amigo está divulgando, deve ser verdade, ou seja; quem dá credibilidade à notícia não é a fonte, mas quem lhe conta. Assim, muitas pessoas sérias estão por aí, espalhando mentiras sem saber.
Mas alguns sabem que podem estar espalhando mentiras e continuam mesmo assim. A isso se dá o nome de “pós-verdade”. Ela ocorre em situações onde os fatos objetivos importam menos do que as emoções e crenças pessoais. Se o Zé não vai com a cara do Joaquim, toda vez que ele ouvir boatos negativos sobre o desafeto, o Zé vai acreditar. Mas se forem histórias positivas a respeito do Joaquim, o Zé nem vai querer ouvir. Nos dois casos, não importa o que pode ser provado ou não; o que vale é a opinião já formada do Zé sobre o Joaquim.
Surgiu até uma imprensa especializada em divulgar mentiras nas quais as pessoas querem acreditar. Os Fake News são portais de boatos disfarçados de notícias, direcionados cada qual para um determinado grupo de pessoas que compartilha certa crença. Caso as pessoas não sejam alertadas sobre os métodos de identificação e prevenção, correm o risco de serem infectadas com mentiras, contaminando amigos e familiares, pelo simples ato de passar adiante aquilo que viram na internet.qkqeg13fy