Somos iguais

Passadas as eleições no Brasil, na última terça-feira foi a vez dos norte-americanos (ou estadunidenses se preferir) irem às urnas) para eleger governadores, deputados e senadores. Os americanos gostam de votar em terças e em novembro. Isso porque no século XIX o país tinha uma população predominantemente agrária, e o décimo primeiro mês do ano era época de colheita, facilitando a participação nos pleitos, como se sabe, facultativos. Domingo era dia de descanso e adoração e quarta, de vender a produção nas cidades. E ai por outras várias razões econômicas e religiosas, chegaram na terça. E até hoje é assim. Isso é que é manter as tradições.
Mas o curioso mesmo é que a renovação do legislativo ocorre em meio aos mandatos presidenciais. E o comum é que a oposição consiga maioria. No caso agora, mais deputados democratas, porque o Presidente é republicano. Segundo cientistas políticos de lá, o que ocorre é um desencanto no eleitorado, que dois anos depois da posse percebe que grande parte das expectativas foram frustradas. Neste sentido, nós brasileiros, que votamos obrigados, aos domingos, e em outubro, somos iguais.
Estamos sempre descontentes com os governantes. Parte em função de que eles realmente nos decepcionam. E outro tanto devido ao excesso de responsabilidades depositadas nos políticos, e em última análise, no Estado. Sim, governos são eleitos para promoverem políticas públicas que melhorem nossas vidas. Entretanto, há uma cultura paternalista que transfere aos prefeitos, governadores e presidente a esperança de que resolvam todas as nossas mazelas em 4 anos. E como isso não acontece, inevitavelmente ficamos desapontados.
Esperamos por Messias (não o Jair, o da bíblia). Alguém que em um passe de mágica conserte os buracos de rua, acabe com filas nos hospitais, prenda criminosos, dobre o salário dos professores, construa presídios, zere o desemprego e que ainda nos surpreenda com muito mais. Ai, nos damos conta de que um tempo depois, ainda que várias ações tenham sido tomadas, outros buracos se formaram, hospitais ameaçam fechar as portas e escolas seguem com estruturas precárias. E trocamos os escolhidos, só que os problemas persistem. Governos podem melhorar ou piorar a nossa vida, sem dúvida. Contudo, não são eles que formam e conduzem os rumos da nação. Depende muito de nós. Aqui ou lá.

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