Essa semana fez frio, muito frio, mas o coração e a mente de algumas cabeças pensantes foram aquecidos com uma bela ideia que, ao invés de estimular uma grenalização exacerbada, tão comum quanto prejudicial no Rio Grande, promoveu um lindo exemplo de solidariedade e espírito comunitário.
Na última quarta-feira, 3, a onda gelada tomou conta da capital argentina, e o River Plate, um dos clubes com maior torcida e tradição de Buenos Aires, abriu o estádio Monumental de Nuñez para moradores de rua. Os termômetros marcavam 2 graus e a sensação térmica era de temperatura negativa. O clube disponibilizou cobertores, outros agasalhos e alguns alimentos. Com as previsões indicando real perigo de hipotermia aos desabrigados de Porto Alegre, o Internacional resolveu agir rápido e seguir o exemplo portenho, transformando o ginásio Gigantinho em um recanto de abrigo, com distribuição de sopão e donativos.
Pois o presidente Romildo Bolzan Júnior, o maior da história do rival tricolor, não poderia deixar por menos e ligou para os dirigentes colorados dizendo que faria o mesmo. Assim, as mãos, calças e blusões foram estendidos aos gaúchos, sem distinguir vermelho e azul. Porque é evidente que o amor ao próximo não tem cor nem distintivo. E questões humanitárias sempre deveriam aglutinar, aproximar e convergir.
Não deveríamos necessitar do frio para baixarmos a guarda e, de alma e espírito desarmados, unir esforços por causas comuns. Nisso, os políticos nordestinos são melhores que os nossos. E lá nem é frio. Por mais disputas, arestas e confrontos que existam, questões regionais costumam aliar PT e DEM se preciso for. Enquanto aqui, seguimos sem a capacidade de construção de consensos mínimos para darmos passos importantes e oferecer melhores oportunidades para quem tanto precisa. E ainda continuamos gritando que nossas façanhas servem de modelo a toda terra.