Rescaldos de um pleito único

Temos novo governador e presidente. Parabéns a eles (neste momento ainda não sei quem são, quer dizer, sei, mas vai que…) e que tenham lucidez e serenidade ao longo dos próximos anos, afinal, não prometem ser fáceis a nenhum dos dois. Fato é que estas eleições foram marcadas por diversos momentos que muito provavelmente não mais se repetirão, pelo menos em um futuro breve.
Uma faca tirou o líder das pesquisas da campanha na rua. E dos debates. Nem no segundo turno, em que os confrontos são diretos entre os dois mais votados, eles aconteceram. Nenhunzinho.Também poucas vezes se viu uma militância tão engajada, disposta a ir às ruas por um “mito”. Nenhuma declaração infeliz, manifestação preconceituosa, impopular, foi capaz de abalar a esperança pintada de verde e amarelo, com slogan evocando religião e patriotismo. O partido que governou o país por três mandatos e meio, por sua vez, apostou até o limite em um candidato condenado e preso. Depois trocou e a transferência de votos não ocorreu no ritmo esperado. Foi a eleição da rejeição. Do anti-petismo contra o anti- bolsonarmismo.
As mídias tradicionais perderam força. O pouco tempo de rádio e TV foi suprido pelo whatsapp e Facebook. A tão propagada força das redes sociais finalmente tornou-se indiscutível na campanha. Roger Waters tornou-se comunista e teve até brasileiro querendo explicar a ele o que significa “The Wall”. O ministro da cultura sugeriu que ele veio ao país pago apenas para fazer política. Ainda, segundo algumas mentes brilhantes, Madonna também quis usar a política brasileira como trampolim para alavancar a carreira. Ou seja, nos tornamos o centro do mundo!
Teve Síndrome de Estocolmo, com torturados pelo regime militar fazendo campanha para exaltadores da tortura. E teve perdão, com o PT coligando em 15 estados com partidos que apoiaram o impeachment de Dilma. Eymael voltou com o mesmo jingle e um novo bordão: “fortes sinais”. E a grande surpresa foi um tal de Cabo Daciolo, que fez greve de fome e falou com as árvores, prevendo uma improvável vitória “glória a Deux”. Nunca uma campanha tão curta foi tão longa. Nunca se brigou tanto. Ainda bem que terminou. Ufa. Ninguém aguentava mais.

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