Ainda que não sejamos tão independentes assim, hoje é 7 de setembro, dia de saudar a pátria mãe, lembrando daquele dia de 1822 quando Dom Pedro, às margens do Ipiranga, gritou que era “independência ou morte”. Dia em que especialmente deveríamos exercer o patriotismo. Mas o que será que significa ser patriota hoje? Reverenciar a bandeira? Cantar o hino? Desfilar?
Os Estados Unidos certamente são uma nação extremamente patriota, com os símbolos e cores da bandeira presentes nos quintais, uniformes, enfim, por toda a parte. Lá, o 4 de julho é uma verdadeira festa nacional. Ter orgulho e amor pelo seu país é, evidente, algo bonito, admirável. Afinal, é parte das nossas raízes, da nossa história, de onde viemos. Agora, como tudo na vida, o excesso leva ao fanatismo, que ronda a insanidade e beira o irracional. Então, boa parte dos norte-americanos acredita que o mundo se resume às fronteiras do país e que eles enquanto nação se bastam, pouco se lixando par o resto do mundo.
A Ditadura Militar foi um movimento que procurou exacerbar o patriotismo nacionalista, utilizando o cuidado com o país como cortina para justificar “excessos”, como as mortes, torturas e supressão de direitos que ocorreram. E, incrivelmente, esses anos são lembrados com saudosismo pela turma que hoje ocupa o Palácio do Planalto, legitimada por milhões de brasileiros, é bom que se sublime. Aliás, não é bom, é lamentável, mas é fato. “Ame-o ou deixe-o” foi um slogan inteligente para, de forma persuasiva, deixar claro que ou se concordava com as regras arbitrárias, ou era melhor ir embora, ao melhor estilo “os incomodados que se retirem”.
Bolsonaro resgatou um patriotismo que andava dormente. Isso não é ruim, longe disso. No dia da eleição, no ano passado, ninguém me contou. Eu vi, com meus próprios olhinhos, famílias que estavam dando de ombros para a política, orgulhosas e pintadas de verde e amarelo, como símbolos da esperança de um país melhor para seus filhos. Não há nada mais patriota do que defender o melhor para o país, de acordo com suas convicções. Portanto, o direito de vestir verde e amarelo ou preto, hoje, deve ser o mesmo. É a livre manifestação de amor ao país, apenas distinguindo os que estão felizes com os rumos atuais dos que lamentam os caminhos para os quais estamos sendo conduzidos.