Partidos menores

Apesar de todo o corporativismo reinante entre os congressistas e uma minirreforma eleitoral que, antes de mais nada, visou a autoproteção de quem tem a ímpar oportunidade de decidir sobre si mesmo, expectativas foram contrariadas e a Câmara Federal terá uma renovação de 267 novos deputados a partir de 2019. É pouco mais da metade, a mais expressiva dos últimos 20 anos. No Senado, os ventos da mudança sopraram com ainda mais força. Das 54 vagas em disputa, 46 serão ocupadas por novos nomes.
Tem mais. O poder está menos concentrado, distribuído entre novos entrantes. O Partido Social Liberal, capitaneado pelo presidente eleito, até pouco tempo tinha oito deputados, saltando para 52 representantes agora. É como um nanico que vira gigante da noite para o dia. As siglas maiores e mais tradicionais viram a força minguar. O PT, que governou o país por três mandatos e meio, diminuiu em cinco deputados a representação. Já o PSDB, que polarizou as disputas com esse mesmo PT desde a reabertura democrática, perdeu 20 vagas. Mas ninguém superou a queda do fiel da balança em qualquer negociação por governabilidade, o todo poderoso MDB, que elegeu apenas a metade da atual composição (34 deputados, contra 66 de hoje). Serão 30 partidos representados. Um recorde.
Entre eles, um partido que se denomina novo e parece, de fato, disposto a adotar novas práticas na política do país. Combatendo privilégios, diminuindo o Estado, tornando a máquina pública mais eficiente e a serviço dos cidadãos. Se, por um lado, os partidos parecem ter perdido força, as representações temáticas estão com tudo. Tem a bancada da bala, ruralista, evangélica, militar. Cada qual com os interesses de grupos segmentados que legítima e democraticamente os colocaram lá.
Tomara que possamos avançar na construção de um sistema democrático mais sólido e que atenda ao interesse público, com espírito republicano e deixando de lado velhos vícios que fizeram o brasileiro ter ojeriza à política. Porque precisamos dela, dependemos dela. E ela está presente nas nossas vidas o dia inteiro, o tempo todo. Queiramos ou não.

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