Eu não conhecia o Luis. Schumacher, só o ex piloto de Fórmula 1. Mas no último fim de semana, eu confesso que chorei a morte de um desconhecido. Como se fosse assistindo um filme. O enredo era até bem clichê. Um menino humilde, de bom coração, que ajudava os pais desde pequeno, no mercado da família. Com muito esforço, estudou, tornou-se advogado. Era um ótimo filho, amado pelos amigos, um colega exemplar. Uma belíssima história, portanto, até aqui. Problema é que o final foi triste demais, com uma morte abrupta, repentina, estúpida e inaceitável.
Eu chorei por estes amigos que, incrédulos, postavam fotos horas antes da tragédia. Eles disseram “a gente se fala”, “me liga amanhã”. Só que não haverá depois e o telefone não vai mais tocar. Quantas coisas poderiam ser ditas se soubessem que aquela despedida era derradeira. O aspecto mais triste e dilacerante de acidentes de trânsito é justamente a surpresa, a ida sem volta. Quando o “até breve” vira “adeus”.
Eu chorei por estes pais. Qual a justificativa que podem encontrar para merecer tanta dor? Por qual razão o seu menino foi escolhido para não seguir um caminho tão bonito que vinha sendo traçado? Há situações inconsoláveis, em que as palavras tornam-se impotentes. E há, sim, pessoas insubstituíveis.
Eu chorei por um desconhecido. Eu chorei por um jovem que sequer olhei nos olhos, apertei-lhe a mão ou troquei alguma palavra. Eu chorei por um sentimento de injustiça. Não pode ser justo o que esta família agora está passando. Eu chorei por aqueles que perdem pessoas amadas nas estradas brasileiras todos os finais de semana. Vários grandes ídolos do Rock morreram aos 27 anos. Luis morreu ainda mais moço. Ele só tinha 24. Eu chorei quando Fernandão caiu de um helicóptero. Quando perdi parentes e amigos. Agora, pela primeira vez, eu chorei por alguém que não fazia parte da minha vida. Em 1991, Eric Clapton perdeu um filhinho, após cair de um prédio. A reabilitação de Clapton veio em forma de canção, “Tears in Heaven”, ou “Lágrimas no paraíso”. É de lá que o jovem Luis vai seguir, enquanto nós, aqui, apenas secamos o pranto.