A frase é do americano especialista em estratégias de campanhas políticas, James Carville, que em 1992, utilizou o bordão “é a economia, estúpido”, para resumir os anseios do eleitorado que estaria mais propenso a votar em Bill Clinton, candidato de oposição, e que defendia melhorias na vida prática do cidadão, em contraponto à candidatura de George Bush pai, que utilizava como principal argumento persuasivo o triunfo na guerra do Golfo e todo o patriotismo que eclode na terra do Tio Sam. O resultado das urnas mostrou que James estava certo e sabemos que por aqui não é muito diferente, no que tange ao interesse dos brasileiros em um processo eleitoral. A pergunta é sempre: o que isso vai mudar na minha vida?
Que o nosso presidente atual é verborrágico, não mede as palavras e deprecia os mínimos apegos a liturgia do cargo, todos sabemos. Aliás, foram aspectos que aproximaram o “mito” do povo, comunicando a linguagem comum, e reforçando a imagem de um representante da classe média, do “cidadão de bem”, mudando os rumos do País. Neste primeiro ano de mandato, a roteiro tem se repetido dia após dia. Bolsonaro lança alguma polêmica, a imprensa repercute, ele pauta e dita as regras, há uma certa indignação coletiva e os defensores do governo se apressam em dizer que “o que importa de verdade é a economia, se o país vai bem e voltar a crescer”.
Só que o que está cada vez mais evidente é que a tal economia, que de fato tem uma importância vital para qualquer nação, é influenciada diretamente por diversos fatores, inclusive as bobagens verbais do chefe da nação. Claro que é apressado atribuir a 8 meses de governo a responsabilidade sobre o aumento no desmatamento da Amazônia, por exemplo. Entretanto, igualmente afoito é o presidente quando simplifica um debate complexo, acusando sem provas ONGs de serem as culpadas pelas queimadas, apenas para desgastá-lo. O que se esperava era um discurso firme contra o desmatamento e que o governo fará de tudo para proteger o “pulmão do mundo”, não limitando o debate a temas político ideológicos. Ou seja, o óbvio.
Agora, a ONU, a Alemanha, França, e outras nações condenam o descaso brasileiro com as queimadas e as implicações podem chegar adivinhe onde? Exatamente, no bolso, porque a Finlândia, que ocupa a Presidência da União Europeia, já ameaça suspender a compra de carne brasileira se nada mudar. Bolsonaro tem todo o direito de discutir com Macron e taxar Merkel de comunista. Agora, é prudente saber que as consequências não devem ficar no plano das discussões grosseiras, a que está acostumado. Como disse Carville, “é a economia, …”.