Cidade do que?

Dia desses, a Câmara de Vereadores retomou a discussão sobre o título da nossa cidade. Afinal, somos ou queremos ser o quê? Cidade das artes? Do tanino? Dos citros? Ou só da bergamota? Decerto que o legislativo é um bom lugar para discutir qualquer assunto que seja de interesse do município, aliás, certa feita quando um ex vereador argumentou que Montenegro não precisava de duas sessões semanais pois faltavam projetos, eu argumentei que ainda que apenas houvesse o debate sobre a cidade, isso já justificaria mais plenárias, porque é precisamente ali o local para “parlar” sobre a pólis.
Só que é evidente que essa denominação não pode ser imposta por decisão política, de cima para baixo, por qualquer governo ou vereador que seja. Assim, a conversa não pode limitar-se ao legislativo, nem mesmo às esferas do Palácio Rio Branco. É preciso que o título seja de fato aceito e percebido pela comunidade. Olhar para o que fomos e o que queremos ser. Claro que isso não é fácil, ninguém disse que é. Agora, uma certeza é básica em qualquer posicionamento de marca. Quem quer ser tudo, acaba não sendo nada.
E para ajudar a botar ainda mais lenha nessa fogueira (lembrando que o carvão é a marca de Brochier) fiquei pensando em outros rótulos que nos caberia adotar. Poderíamos ser a cidade do “cada um por si”, afinal, esse debate traz à tona mais uma vez a dificuldade de construir consensos mínimos na terra do morro São João. Cada um puxa a corda para um lado, a brasa para o seu assado e assim vemos cidades de menor porte fazerem festas gigantes e lucrativas, só para ficar em um exemplo da inveja que dá quando olhamos para o quintal dos vizinhos.
Poderíamos, quem sabe, assumir o sloganda cidade do “não vai dar certo”. Convenhamos que se há um lugar no mundo em que as ideias são desacreditas, ah, é aqui. Quando surge um estabelecimento novo, já tem um grupelho na frente fazendo aposta de quando fecha as portas. E para quem acha que escrevo isso por não gostar daqui, ledo engano. Cabe a quem ama ajudar na crítica e mudança de rumos e posturas.Se eu acredito que conseguiremos avançar? Sim, mas isso não é lá muito montenegrino…

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