Ninguém mais escreve cartas, quer dizer, quase ninguém. Pelo menos no formato físico, à mão, com caneta e papel. Emails são cartas, correspondências enviadas por uma pessoa para outra. Whatsapp, telegramas. Na verdade, portanto, escrevemos muito mais, mas vocês estão me entendendo. Não vamos mais aos Correios. Pelo menos não para isso. Bom, mas as crianças, apesar de já adaptadas aos avanços tecnológicos, ainda escrevem cartinhas ao Papai Noel. E se faz tempo que você não lê alguma dessas, faça isso. A chance de surpreender-se é do tamanho da esperança depositada em cada folha.
Infelizmente, não é bem verdade que “seja rico ou seja pobre, o velhinho sempre vem”. O Natal pode ser frustrante para meninos e meninas não atendidos em pedidos por vezes tão singelos quanto comoventes. Nada de brinquedos caros, inatingíveis. Um livro, uma caneta ou um prato de comida podem arrancar os mais genuínos sorrisos de quem está acostumado a viver no esquecimento. O Natal, para estes, é apenas mais um período de abandono.
Só que, em meio a tantas coisas ruins que nos cercam, o Natal deste ano tem mostrado tantas atitudes bacanas e voluntariosas aqui, perto da gente, que renovam a nosso potencial de acreditar nos seres humanos e na capacidade de sermos generosos, altruístas e um pouco mais desapegados daquilo que não tem alma. Há uma espécie de corrente de montenegrinos engajados em ajudar os que precisam mais. São muitas, muitas mesmo, pessoas e entidades angariando donativos e presentes, de todos os tipos. Tenho absoluta certeza de que o Natal de milhares de montenegrinos será mais feliz. Parte, por serem lembrados. Parte, pela recompensa da energia boa emanada por dar sem esperar algo em troca.
Que esta corrente siga nos contagiando em 2019. Que o verdadeiro espírito de solidariedade e renascimento faça parte dos outros 364 dias do ano. Um feliz Natal a todos os queridos leitores!