Houve um tempo em que ela era uma das maiores preocupações na indústria alimentícia e festas paroquiais. Vilã para nutricionistas, rechaçada por agentes da vigilância sanitária, a maionese era quase a maçã de Eva proibida no paraíso. Aliás, maionese com maçã é excelente. Mas não é esse o ponto. O desenvolvimento tecnológico e a obsessão por novos processos e produtos acaba de criar a NotMayo, uma maionese gerada por algoritmos. É mais ou menos o seguinte: não há carne, ovos ou leite, nem nada proveniente de origem animal. O Giuseppe não é um italiano com roupa de mastercheff e, sim, um algoritmo chefe de cozinha, que usa dados nutricionais e sensoriais, além da composição molecular sobre milhares de plantas e animais para chegar a uma fórmula.
A novidade chega neste mês ao Brasil e promete ter um preço acessível. Em entrevista ao “Estadão”, o presidente da startup chilena NotCo, MatíasMuchnick,revelou de forma muito simples a lógica que originou a inovação. “Hoje produzimos muitos vegetais apenas para alimentar os animais que vão virar carne. Por que não podemos cortar os intermediários?”Faz sentido, não?
E é claro que a maionese é apenas um ponto de partida. Giuseppe já testa receitas de leite, queijo, sorvete e iogurte sem nada de “explorar os bichinhos”, o que obviamente demonstra que os empreendedores observam as tendências de consumo de um público crescente, seguindo estilos de vida ligados ao vegetarianismo e veganismo.
E quem disse que é preciso ficar sem comer carne? Outra startup, essa norte-americana, promete um hambúrguer com cara de carne, gosto de carne, sangue e tudo, só que sem nada de boi ou vaca. O nome (ImpossibleFoods) já demonstra o tipo de desafios que gostam de enfrentar. Nos primeiros testes cegos, 90% dos consumidores identificavam a carne bovina comparada com a “falsa”. Hoje, o índice caiu para 54%, dado o contínuo investimento em pesquisa. David Lee, o executivo por trás da empresa, costuma dizer, em tom descontraído, quando perguntado sobre a carne fabricada, uma frase no mínimo curiosa. “A vaca parou de evoluir”.